Olhando o copo meio cheio


Saudações, China Azul!

Na noite de ontem, o Cruzeiro venceu a Caldense pelo placar mínimo, mais uma vez, e terminou a rodada na liderança do Campeonato Mineiro. Comecei o texto destacando este fato por, justamente, ter esta proposta ao longo deste espaço. Já temos gente demais analisando de forma negativa a atuação celeste. Não que eu discorde, mas resolvi fazer um pouco diferente, sugerindo ao leitor o mesmo desafio que eu: e se olhássemos para os pontos positivos da equipe?

Alguns vão dizer que não há nenhum, eu entendo. Mas não podemos deixar a nossa expectativa de um futebol muito melhor manchar as avaliações que podem ser positivas, ainda neste princípio de temporada. Embora estes aspectos positivos, em sua maioria, passem por atuações individuais, não podemos deixar de destaca-los.

Uma das grandes novidades são as boas atuações de Arrascaeta. O uruguaio, contratado a peso de ouro na temporada passada, não conseguiu apresentar o seu melhor futebol, apesar de toda a expectativa da torcida. No entanto, nesta temporada, o camisa 10 consegue atuar de forma mais regular, sendo fundamental na maioria das partidas. Além da movimentação constante, a participação direta em lances de perigo traz Arrascaeta para um papel de maior protagonismo, se compararmos com a temporada de 2015.

Outro detalhe digno de destaque é a consistência dos zagueiros do Cruzeiro na temporada de 2016. Apesar do time celeste sofrer com problemas de recomposição e cobertura, muito da baixa quantidade de gols sofrida pela equipe celeste passa pela boa forma de Dedé, Manoel, Bruno Rodrigo e Leo. Para balançar a rede do goleiro Fábio uma vez, os adversários celestes precisam de cerca de 9 finalizações, o melhor número entre os clubes da Série A. Com alguns ajustes, iniciaremos o Campeonato Brasileiro com uma defesa ainda mais consistente.

A falta de produtividade do ataque celeste não é novidade do Cruzeiro de Deivid. Excetuando a partida contra o Figueirense, o Cruzeiro de Mano Menezes teve uma das piores médias de gols do Campeonato Brasileiro. O problema de criação e de consequente baixo aproveitamento do ataque do Cruzeiro é algo herdado por Deivid, e onde a diretoria falhou na prospecção de atletas, não só nessa temporada, mas também na anterior.

Considero que Deivid tem errado bastante nas suas escolhas de esquema tático, principalmente. Todavia, não podemos cometer o imenso erro de desqualificar o que vem acontecendo de bom (embora, na teoria, não passe pelas mãos do treinador celeste) e nem podemos atribuir um erro a quem não tem culpa (reiterando, apenas no aspecto citado no parágrafo anterior). As críticas não podem ser feitas sem um firme embasamento.

O exercício de olhar o copo meio cheio é bom, mas não serve para que haja acomodação. Olhar para o que dá certo é bom para corrigir o que vem dando errado. Estamos bem longe do caminho ideal, mas não há motivo de caça às bruxas.

Não ainda.

Por: Pedro Henrique Paraíso

*Foto de destaque: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro