O segredo de “One Chopp”


Que trocadilho vagabundo, hein escriba? Wanchope com One Chopp, é sério? Sim, e Ramon Ábila merece. A ideia aqui não é apenas exaltar gratuitamente nosso centroavante, mas mostrar um pouco de sua atuação e os atalhos que usa em campo para chegar aos gols. Afinal, não é um jogador exatamente habilidoso. Não é veloz. Então é grandalhão e mortal no cabeceio? Também não. O que justifica essa veia goleadora parece ser muito mais o estilo aguerrido e o bom posicionamento do que qualquer aspecto físico.

O argentino está concentrando os holofotes por seus gols e sua personalidade. São 9 tentos em apenas 11 partidas pelo Cruzeiro, tendo marcado consecutivamente nos últimos 7 jogos. Essa regularidade para marcar gols faz com que os companheiros naturalmente o procurem mais. Sabe aquela certeza de que já falei nesse espaço, que se tocar no Ábila é gol? Seus companheiros também parecem ter, a cada dia mais. E isso melhora todo o setor ofensivo, especialmente após sofrermos tanto com a má pontaria de Willian, Rafael Silva e Douglas Coutinho, no primeiro semestre.

Um aspecto que chama atenção em seu estilo de jogo é a facilidade com que marca gols de primeira. Ábila raramente domina, ajeita a bola, dribla ou penteia a jogada. É uma tentativa de concluir o lance com simplicidade e rapidez, até por saber como um segundo pode fazer diferença para a aproximação e o bote de um defensor. Outro dado é o repertório. Mesmo destro, Ábila fez seus 3 primeiros gols pelo clube usando o pé esquerdo. Também já balançou as redes em duas oportunidades com a cabeça. O que prova que tem os fundamentos bem trabalhados, dificultando para os defensores identificarem seu “ponto forte” a neutralizar.

No domingo, enfrentaremos o Botafogo, único adversário que Ábila conseguiu marcar mais de uma vez. Se conseguir esticar sua sequência, temos motivos para ver o argentino brigando pela artilharia do Brasileirão. Analisando que em 9 jogos são 6 gols marcados e os artilheiros do certame marcaram apenas 10 vezes, não me parece prudente duvidar. E quanto mais essa boa fase se prolonga, melhor o time se coloca na tabela. Ressalto que estamos há 11 pontos do G4 e a apenas 2 pontos da zona de rebaixamento. Nossa luta ainda é contra a degola, há muito trabalho para ser realizado para não sofrer ao fim do ano.

Em 2013, quando vivíamos o auge do renascimento da grandeza cruzeirense e que culminaria no tricampeonato brasileiro, a música “Uma cerveja por favor” se popularizou, tornando-se um dos principais hinos da torcida para impulsionar nossos guerreiros a uma épica conquista. Com três anos de atraso, não chegou uma cerveja, mas veio one chopp, para fazer a nação celeste celebrar como há muito tempo não se via. O segredo de Ábila é, simplesmente, não ter segredos. Jogar com a simplicidade e a eficiência que apenas os grandes jogadores conseguem eternizar. Que seja assim, eterno, enquanto dure. E que dure por muitos anos.

Por: Emerson Araujo

Foto: Reprodução/Superesportes