O Inter está caindo. O que fica de lição?


Quando a bola rolar para Internacional e Cruzeiro, no Beira Rio, veremos o duelo de dois gigantes do futebol brasileiro que nunca foram relegados à segunda divisão. O que poderia ser exaltado como um duelo de ‘incaíveis’, no entanto, tem muito mais a ensinar do que uma inútil exaltação do próprio passado das agremiações. O Sport Club Internacional está à beira do abismo, muito perto de ser rebaixado pela primeira vez. Caso não nos vença, inclusive, pode ter sua queda decretada pelo próprio Cruzeiro, dentro de sua casa.

Sejamos razoáveis, cada um que cuide dos próprios problemas. Nosso papel é ir a Porto Alegre e tentar vencer. Mas o Maior de Minas precisa entender que o Colorado foi parar nessa situação periclitante por diversos erros de gestão e planejamento. Claro, os jogadores são os atores que serão eternizados pelo iminente fracasso. Mas o clube gaúcho cometeu erros que vimos também pelos lados da Toca da Raposa, em 2015 e 2016. Se escapamos, foi muito mais por individualidades dos nossos atletas, situações esporádicas de jogo e até um pouco de sorte. Pois pela qualidade do trabalho, não seria surpresa que estivéssemos também indo para o buraco.

Sim, o Gilvan errou demais. Todos nós já estamos carecas de saber e de ler a respeito. Os jogadores então, decepcionaram em diversas ocasiões. Bruno Vicintin, Thiago Scuro, todo mundo tem culpa no cartório. Mas caçar bruxas e apontar culpados não vai resolver. O Cruzeiro completou dois anos sem ganhar nada, sem sequer disputar uma final de campeonato. Então, apenas bradar contra o presidente é besteira, ele tem mais um ano de mandato. Temos que ser inteligentes para compreender o momento, apoiar as decisões que se mostrarem acertadas e fazer com que todos estejam muito atentos para não reincidir nos equívocos.

Por exemplo, não se coloca um ex-jogador sem experiência para ser treinador do seu time (coisa que o São Paulo fará em 2017, por conta e risco). Não se traz um treinador estrangeiro no meio da temporada, sem tempo nem de conhecer os atletas. Não se contrata desconhecidos na baciada, por indicação de empresários. Presidente não tem que trazer jogador porquê gosta dele, viu Gilvan. Contratar jogador é função do departamento de futebol, do técnico, da avaliação de desempenho e do diretor. Você, trate de fazer o trabalho administrativo com competência, algo que já provou ser capaz. Enfim, a lista de cagadas no biênio é longa, mas essa mancha pode ser apagada de uma forma simples: com um 2017 vitorioso, de trabalho sério e qualificado.

Diz um velho ditado que três é sinal de forca. Então, que não paguemos para ver uma terceira temporada de trabalho mal feito. Time grande cai sim, eu sei disso e você também. Pare com esses brados imbecis e provocações baratas, um clube como o nosso não pode viver disso. É a malfadada atleticanização da torcida celeste, muitas vezes preocupada mais com clássicos do que com taças. Vamos parar com essa palhaçada e focar no Cruzeiro, na grandeza da instituição que amamos e no plantel forte que pode ser montado. Com Mano no comando desde o início, com pré-temporada e reforços, eu consigo confiar em um time à altura da nossa tradição. Para que tenhamos mais a festejar do que o não rebaixamento. O Cruzeiro é gigante. Tá na hora de voltar a agir como tal.

Por: Emerson Araujo

Foto: Pedro Vilela/Light Press/Cruzeiro