O dia do alívio


Confesso que até agora ainda é difícil digerir bem os acontecimentos da última quarta-feira de Libertadores. A partida que o Cruzeiro fez diante do São Paulo, as cobranças de pênalti, as defesas do Fábio, o comportamento da torcida… Tudo foi tão incrivelmente perfeito que é difícil imaginar que os grandes mestres do cinema de Hollywood conseguissem conceber melhor roteiro.

A vitória celeste foi cunhada na raça, na vontade, no grito da galera e na sobriedade do time. Mesmo nos momentos mais difíceis, o Cruzeiro dominou o embate. Simplesmente isso, o time dominou o jogo, se impôs na partida e mostrou que entrou para vencer. Por vezes parecia até que o resultado nos iria escapar, a bola teimava em não ganhar as redes de Rogério Ceni e ainda apresentamos uma série de defeitos na criação de oportunidades. Mas a maior qualidade que um time pode ter é o brio. E mostrou sua força no momento de maior adversidade.

O gol de Damião foi um verdadeiro marco, não apenas no ressurgimento de um artilheiro, mas podendo ser o ponto de virada para jogadores chave. Claro que os gols no Mineiro já mostraram que a má fase do Santos está ficando cada vez mais distante, mas decidir partidas dessa envergadura é o que “separa homens de meninos”. Com relação ao time como um todo, a enfiada de Willian e a assistência precisa de Mayke mostram que o mau futebol apresentado por essa dupla até agora é um dos grandes culpados do Cruzeiro 2015 ainda não ter engrenado. São peças chaves no esquema de Marcelo Oliveira. Voltando aos seus rendimentos de outrora, nosso time sobe de nível. E volta a ser candidato a tudo.

Um ponto que eu não posso deixar de ressaltar é como todo o time jogou em uma fina sintonia. Eram 40 mil nas arquibancadas, 11 em campo e todo mundo concentrado, nos limites. Jogadores como Manoel, Bruno Rodrigo, Marquinhos, Willians, Henrique e William foram de uma entrega fora do comum. Considerei Mena o melhor em campo, com sobras. Atuação espetacular do contestado lateral, que anulou Michel Bastos e deu trabalho no ataque, dando pelo menos duas excelentes assistências para Arrascaeta marcar. Como disse para um amigo no estádio e repito agora, ninguém vê os incontáveis acertos do Mena. Se errar uma, toma vaia. Vale a reflexão. O uruguaio que veste a camisa 10 precisa render mais. Seu talento é inegável, mas precisa acertar mais o timing das jogadas, ser mais preciso nas enfiadas e finalizações.

A boa notícia é que temos tempo para ajustar as coisas que ainda estamos pecando. Mas o jogo de quarta foi um indicador de que esse Cruzeiro pode bater qualquer adversário. Não é o time que encanta e nos dá segurança, como nos dois últimos anos, mas mostrou evolução com uma zaga sólida e um estilo voluntarioso. Para usar palavras que o nosso treinador tanto gosta, a sinergia entre time e torcida e a mobilização demonstrada por todos os envolvidos foi o ponto alto. Estamos todos de parabéns por escrever com luta e talento mais um capítulo glorioso na história do Cruzeiro. O poeta disse certa vez, “O Cruzeiro merece respeito”. Para quem tinha se esquecido, ficou a lição. #FechadoComOCruzeiro

Por: Emerson Araujo