Nunca vamos repetir 1997 sem atitude, chega de passividade


Nunca vamos repetir 1997 sem atitude, chega de passividade

Esta falta de atitude está acontecendo dentro e fora de campo…jogadores, comissão técnica, dirigentes…e até mesmo parte da torcida…

Estou vendo muitos textos por aí, de pessoas sempre tentando relembrar – e resgatar – o espírito daquele glorioso ano de 1997, quando o Cruzeiro desacreditado por muitos e pelos primeiros resultados em campo, arrancou rumo ao bicampeonato da Libertadores.

Sem entrar em detalhes, sabem qual a principal diferença entre aquele time e o atual?

Naquele ano, apesar de não contar com jogadores estrelares, o elenco se uniu em torno de um objetivo. Com isto, o desempenho melhorou e os resultados aconteceram.

Agora, em 2014, tudo está ao contrário. As principais características do time campeão brasileiro de 2013 – toque de bola consciente, movimentação constante e objetividade nas jogadas – simplesmente desapareceram.

Fui ao Mineirão contra o Defensor, assisti também pela TV a partida contra o Boa Esporte. Amigos, este atual Cruzeiro está precisando urgentemente de uma “chacoalhada”, de alguém para acordar, para “chamar na responsa” estes jogadores e este técnico.

Ainda dá para perceber alguns jogadores que estão “dando o sangue”, como William, que criou as principais jogadas de perigo no início do jogo contra o Boa. E também Júlio Baptista, que pode não ser o atacante ideal, mas que está se entregando em campo, mesmo diante de suas restrições técnicas e físicas.

E os outros?

Há tempos não vemos aquele Ricardo Goulart presente em quase todo o campo, mesmo sem ser um velocista. Suas movimentações não estão efetivas, sua luta pela bola não produz resultado, seus toques para os companheiros perderam objetividade.

Ele não é o único culpado. Parte de sua responsabilidade tem que ser dividida com Éverton Ribeiro. A qualidade do seu futebol despencou. Ele não se desloca como antes, não conduz a bola como antes, não se apresenta para as jogadas que foram as marcas do Cruzeiro do ano passado.

Sei também que eles não jogam sozinhos. Esta falta de mobilidade, perda de criatividade e pouca objetividade, são responsabilidades de todos os jogadores em campo.

Com estes três fatores crônicos, a saída de bola do time está prejudicada. Os laterais não têm com quem tabelar, os volantes não se apresentam, os atacantes não se deslocam para os espaços vazios e os zagueiros estão obrigados a sair com a bola dominada, ou dar chutão direto – exatamente o que provocou aquele fatídico gol do Defensor…

E enquanto isto tudo acontece, o nosso técnico continua com atitudes calmas, tranquilas, apáticas e irritantes, que não estão resolvendo. A diretoria também está no mesmo tom.

Por acaso vocês acham que, com atitudes como estas, dentro e fora de campo, vamos trazer de volta aquele espírito vencedor da Libertadores de 1997? Claro que não.

E uma parte destas atitudes também podem ser estendidas a torcida, especialmente nas redes sociais. A maioria esmagadora dos textos que andei lendo por aí estão numa linha de raciocínio “light”, praticamente sem cobranças, não se pode falar o nome de pessoa A ou de pessoa B que já vem uma turma de leitores querendo defender esse time em 2014, por causa do título conquistado em 2013.

Isto sem contar a turma que parece viver num mundo de fantasia, imaginando que a solução para o time é criar uma hashtag no Twitter, fazer um vídeo motivacional no YouTube, ou acreditar naquela “conversa barata de entrevistas” dos jogadores, dirigentes e comissão técnica.

Ora, todo o elenco campeão brasileiro de 2013 foi mantido, exceto os jogadores dispensados, que eram reservas. A comissão técnica e os dirigentes são os mesmos. A pré-temporada teve tempo igual ou maior que o ano passado. Então a responsabilidade pelo mau futebol de 2014 é de todos os que em 2013 fizeram bonito e agora não estão conseguindo repetir a dose.

Para alguns leitores, que não estavam presentes em 1997 ou eram muito jovens, esclareço que, naquela época não existiam redes sociais, nem internet para todos, os celulares eram apenas para os mais ricos e, claro, sem internet. Notícias do time, a gente só tinha pela TV, pelo rádio e pelo jornal em papel.

Mas me lembro muito bem, foi o movimento forte de cobrança da torcida – e bota força nisso – que movimentou a diretoria e os jogadores naquela Libertadores.

Alguns podem até pensar “muito fácil, Leonardo, você também está atrás de um teclado, o que você está fazendo pelo Cruzeiro?”

De fato, este texto é a única coisa que posso fazer, mas pelo menos não estou “tampando o sol com a peneira” desviando o foco dos verdadeiros responsáveis, como alguns estão tentando.

Porque se me dessem a oportunidade e o poder para fazer mais, neste exato momento eu estaria na Toca da Raposa 2, numa reunião fechada com a comissão técnica e os jogadores, enfiando o dedo na cara de cada um deles e exigindo futebol de qualidade. No melhor estilo “jogue bola ou vá para o olho da rua”.

Chega de passividade.

Abraços a todos.