Nem os “santos” derrubaram a Raposa


“E não importa onde fores jogar, por toda vida vou te acompanhar”, esse verso da belíssima canção da torcida cruzeirense, cai muito bem ao estudante de jornalismo Fernando Pedro. Não importa o esporte. Formou-se um time onde os jogadores colocam as cinco estrelas no peito, lá está ele pra apoiar e acompanhar!

Em 2009, quando o Cruzeiro havia perdido a Libertadores para o Estudiantes, e um determinado time de BH teve seu melhor momento na década, o Cruzeiro, comandado por Adílson Batista, conseguiu uma arrancada surpreendente no brasileiro. Na maior parte do campeonato, era o adversário quem esteve à frente na competição.

Na última rodada, o Cruzeiro dependia de uma combinação de resultados, além, é claro, de precisar vencer a partida contra o Santos, no estado de São Paulo. Fernando, não quis nem saber das dificuldades que o time azul poderia ter. O time santista tinha Luxemburgo como treinador, – o que fragilizava a ideia de que seria jogo fácil. Luxa, até então, tinha um ótimo aproveitamento contra o time celeste. Era um dos maiores carrascos!

Viajando juntamente com uma torcida organizada, Fernando e Cia se instalaram em uma sede de uma torcida parceira do São Paulo Futebol Clube. Como se não bastasse a distância percorrida e as dificuldades do Cruzeiro em se classificar, os grupos de vários torcedores se espalharam, o que resultou em atraso na partida para a Vila Belmiro.

Nesse meio tempo, o comboio de ônibus das outras torcidas organizadas que estava sendo escoltado pela polícia, já havia partido para a Baixada Santista. Sem proteção, havia um risco enorme de violência, já que as organizadas de Cruzeiro e São Paulo são rivais dos santistas. Para tentar salvar a pátria celeste um dos responsáveis pela viagem conseguiu falar com o líder de outra torcida do Cruzeiro, fazendo com que o comboio os aguardasse antes de entrar em Santos, se juntando assim ao restante do grupo.

Pronto, tudo certo. Poderiam agora assistir o jogo em paz.

Não, AINDA NÃO, amigo!

Chegando a Santos, as organizadas do time da casa estavam brigando entre si nas proximidades de Vila Belmiro. Diante disso, o policiamento barrou toda a torcida próximo ao Porto da cidade, para evitar ainda mais confusão. E o pior, o jogo já havia começado…

Quanta dificuldade! Quilômetros rodados, para não poder ver o Cruzeiro jogar? Parecia ser o prenúncio de que o Cruzeiro não estaria na Libertadores de 2010!

Fernando e os outros guerreiros das arquibancadas ficaram todo o primeiro tempo e o intervalo no mais alto nível de ansiedade. Apenas depois do início do segundo tempo a Polícia Militar liberou a entrada dos torcedores.

Já tinham se passado os 30 minutos do 2° tempo quando o estudante conseguiu avistar pela primeira vez o gramado da Vila Belmiro, e segundos depois, viu o PRIMEIRO toque de Kleber na bola, que morreu no fundo do gol, garantindo a vitória do time cruzeirense! O Palmeiras, time querido por Kleber, perdeu, e o Cruzeiro foi para a Libertadores do ano seguinte. Se fosse uma novela, diríamos que isso só acontece na ficção. Mas o futebol cria situações espetaculares.

Arrisco-me a dizer que nunca valeu tanto a pena ver apenas 15 minutos de um jogo. Tenho certeza que o Fernando vai lembrar-se dessa experiência para o resto da vida. Essa vai ser a história a ser contado aos filhos e netos com um sabor especial. Sem dúvidas, esse foi um jogo especialíssimo na história recente do clube. E a partir disso, as flanelinhas ganharam um novo significado para o torcedor mineiro.

O Cruzeiro mostrou, mais uma vez, porque é o maior de Minas. Nem os santos conseguem derrubar a Squadra Azzurra!!

Obrigado, Fernando Pedro por nos fazer relembrar esse jogo épico! E claro, obrigado, Cruzeiro!

Foto: GloboEsporte.com