Meu clube é o Cruzeiro!


O torcedor cruzeirense sempre pôde se orgulhar das administrações financeiras na história do clube. Sempre, ou pelo menos nos últimos 30/40 anos, tivemos credibilidade com o governo, fornecedores, jogadores e empresários, justamente por honrarmos os compromissos assumidos.
Em tempos de economia fraca no país, ajustes no orçamento e gastos responsáveis, o 2016 do Cruzeiro vem sendo um ano de equilíbrio financeiro e cautela com os próximos anos. O cenário não é favorável para grandes investimentos. O futebol, assim como outros setores que dependem da economia, é afetado diretamente pela crise política brasileira.
Recessão, inflação, moeda fraca, entre outros fatores, influenciam nas tomadas de decisões dos presidentes dos clubes. Com a adesão ao Profut, onde os administradores devem ter maior responsabilidade com as contas do clube para manter o refinanciamento das dívidas com a União, faz-se necessária uma análise detalhada de todos os gastos do clube.
As demonstrações financeiras do Cruzeiro estão para ser publicadas e, ao que tudo indica, teremos superávit pela primeira vez dentro de alguns anos. Isso mostra como o capital do clube vem sendo tratado com seriedade.
Nos próximos anos temos uma esperança de maiores investimentos em contratações, e alguns fatores influenciam para isso.
O primeiro é o próprio equilíbrio financeiro do clube. Gastar menos do que se arrecada. Muitos tem visão superficial acerca do assunto e acham que isso quer dizer “pouco investimento” . Pelo contrário. Como disse acima, o histórico de bom pagador do clube facilita negociações em todas as instancias. Desde um empréstimo bancário, até a aquisição de um atleta. Isso faz com que o Cruzeiro tenha poder de negociação. Algumas vezes os atletas optam por um salário um pouco mais baixo, mas com a certeza de que irá recebê-lo, por exemplo.
Outro fator que nos anima para os próximos anos é a renegociação dos direitos de transmissão dos jogos do Maior de Minas. As cifras aumentaram sensivelmente e podem ficar ainda maiores, de acordo com a classificação do time no Campeonato Brasileiro. Além disso, o poder de competitividade em negociações do clube aumentou, tendo em vista que a disparidade na diferença de cotas de televisão vai acabar.
Mesmo assim, indo na contramão do cenário em que nos encontramos atualmente, alguns clubes mantém uma administração irresponsável, com gastos exorbitantes no futebol. Mesmo apresentando déficit gigantesco nos anos anteriores e acumulando dívidas milionárias. Como vão cumprir as obrigações adquiridas com a adesão ao Profut? Não sei. Talvez com algumas “pedaladas fiscais”.
Durante anos reclamamos das diretorias do Cruzeiro uma maior valorização da base, “produto” fundamental para um clube de futebol. O investimento em atletas da base pode gerar maior retorno técnico e financeiro do que contratações de jogadores quase aposentados e, muitas vezes, com histórico de lesões muito grande, e sem qualquer ambição de conquistas, só pelo nome.
A mudança é cultural, e está sendo implantada aos poucos no Cruzeiro, com muito estudo e minimizando cada vez mais os erros e gastos desnecessários.
Temos que cuidar do nosso próprio clube. O resto é resto.

Por: Luciano Batista (@luciansno)