Mattos ou Cruzeiro? Quem contratou melhor? O tempo dirá


Não. Eu não ignoro que a diretoria cruzeirense tem tido problemas importantes de comunicação e divulgado informações que atrapalham as negociações e geram expectativas que nem sempre se concretizam. Também não ignoro que as perdas do elenco foram importantes e que ao menos um meia, para o time titular, ainda é necessário. Mas isto não é o suficiente para fazer terra arrasada no Cruzeiro e, principalmente, para proferir a sentença: “Com a permanência de Alexandre Mattos, situação seria bem melhor.”

A maior parte das perdas do elenco foi motivada por propostas irrecusáveis. Seriam aceitas com Mattos aqui ou não. Wallace e Vinícius Araújo foram alguns dos que saíram e mantiveram as contas em dia durante a Era Mattos. Em 2015, Everton Ribeiro e Ricardo Goulart tiveram enfim uma valorização adequada do exterior, enquanto Lucas Silva virou alvo do Real Madrid. Não haveria diretor capaz de mudar isso.

A atuação de Mattos, como foi em 2012, seria a de montar um novo grupo. Papel que ele assumiu também no Palmeiras. Com mais grana para reforços. E contratou dezenove novos atletas. Já o Cruzeiro, para repor as perdas, foi ao mercado e até aqui anunciou doze contratações. Muitos, ao meu ver precipitadamente, anunciam que o Palmeiras será a sensação do ano e o Cruzeiro o fiasco, analisando apenas as contratações e esquecendo das bases que já existiam nas equipes. Mesmo assim, contudo, não consigo afirmar que o Palmeiras contratou melhor.

Se fizéssemos um time de reforços dos dois lados, teríamos o seguinte confronto: (Cruzeiro não contratou goleiro), Fabiano, Paulo André, Douglas Grolli e Mena (Pará); Willians, Seymour e Arrascaeta; Joel, Riascos e Leandro Damião (Henrique) X Aranha; Lucas, Vitor Hugo, Victor Ramos (Jackson) e Zé Roberto (João Paulo); Gabriel (Amaral), Arouca (Andrei Giroto), Cleiton Xavier (Ryder Mathos), Robinho (Alan Patrick); Dudu (Kelvin) e Leandro Pereira (Rafael Marques).

A extensa lista do Palmeiras permite que o clube disponha de reforços como opções de banco em um confronto ideal entre as equipes. No entanto, são poucos os jogadores que se apresentam, incontestavelmente, como superiores aos que o Cruzeiro contratou: Cleiton Xavier e Arouca, basicamente, seriam o mais próximo de unanimidade caso o Cruzeiro os contratasse, mas as demais opções do Palmeiras no mercado chegariam tão ou mais questionadas do que os reforços que menos empolgaram a torcida na Raposa. Por outro lado, nomes como Willians e Arrascaeta, caso contratados pelo Palmeiras, seriam lamentados como “perdas de oportunidade” pela diretoria do Cruzeiro.

É necessário, portanto, que tenhamos calma nesta transição. Embora tenham tidos temporadas completamente distintas em 2014, Cruzeiro e Palmeiras não atuaram de forma tão distinta no mercado a ponto de cravarmos que o que Mattos faz por aquelas bandas é a prova de que o Cruzeiro está em dificuldades de sobreviver e permanecer forte sem ele. Um diretor de futebol competente é necessário, mas afirmar que as ações do ex-celeste no Palmeiras são a prova de que ele era fundamental para o projeto cruzeirense não é só desconhecer a força da camisa do Cruzeiro. É subestimar a competência de Marcelo Oliveira, Gilvan e outros atletas que permanecem, foram fundamentais nas conquistas de 2013 e 2014 e a base para que os nomes que chegaram componham um novo elenco forte.

Por:  João Henrique Castro