Mano, olha o Neílton!


Fim de temporada, tempo de reformular o plantel e pensar em reforços para o novo ano. Entre contratações cogitadas, renovações e saídas, um jogador mal tem sido falado na Toca da Raposa: o atacante Neílton, emprestado ao Botafogo desde meados de 2015 e que retorna agora ao Cruzeiro. Atacante de lado de campo, o jogador foi contratado pelo Maior de Minas em 2014, quando seu contrato com o Santos expirou, mas nunca teve sequência real de jogo. Com as constantes lesões de homens que atuam no setor, como Élber, Alisson, Marcos Vinícius e Rafinha, não seria uma boa hora para testá-lo?

Talvez um dos maiores pecados de Neílton não seja justamente relacionado ao seu futebol, mas a grande expectativa gerada em torno de si, até pela similaridade do nome com Neymar, a mais famosa pérola da Vila Belmiro. O jogador teve ascensão meteória no Peixe, marcando 3 gols numa semifinal de Copa São Paulo em 2013, contra o rival Palmeiras, e sendo promovido ao elenco de cima. Com oportunidades reduzidas, até pela condição física “chassi de grilo”, marcou 4 gols em 19 partidas na temporada. Com o impasse em sua renovação contratual, foi colocado na geladeira do clube paulista e não jogou em 2014. Até a vinda para o Cruzeiro.

Por aqui, fez parte do elenco campeão brasileiro logo na sua primeira temporada, mas participou de apenas 1 jogo na campanha, além de outras 3 partidas pela Copa do Brasil. Em 2015, deixou um belo cartão de visitas já no primeiro jogo do ano, quando colocou fogo e foi um dos principais jogadores na virada sobre o Democrata-GV. Marcou seu primeiro gol com a camisa celeste no jogo seguinte, frente ao Tupi. Mas apesar de mostrar bom futebol nas poucas partidas que fez, não contou em nenhum momento com a simpatia de Marcelo Oliveira, que julgava que o jogador não estava pronto.

Luxemburgo chegou e também não deu chances ao menino da vila. Na cabeça do pofexô, Allano era uma alternativa melhor. Enfim… O Botafogo pediu o jogador por empréstimo e o Cruzeiro liberou para o clube de General Severiano, que disputava a Série B. Seus 6 gols em 18 jogos foram essenciais para ajudar o alvinegro carioca a retornar para a primeira divisão, como campeão do certame. Após imbróglio para uma renovação, Cruzeiro e Botafogo fizeram um acordo e Neílton seguiu no clube da estrela solitária em 2016.

Foram 12 gols na temporada, inclusive um contra nós, naquela bela goleada por 5 a 2 pela Copa do Brasil, com grande atuação de Ábila. Devemos destacar também um gol anotado no clássico contra o Flamengo e 2 golaços contra o Palmeiras, que seria campeão brasileiro na temporada. Um jogador que disputa 54 partidas no ano é sempre um nome interessante, especialmente para uma posição que sofremos com recorrentes problemas de lesão. Neílton mostrou pelo Botafogo que é um jogador ousado, agudo, do tipo que está em falta no futebol brasileiro. A experiência em Série A com certeza o amadureceu muito. Não existe momento melhor para o seu retorno e, obviamente, seu aproveitamento no time.

Com 22 anos, talvez seja um dos nomes que possam fazer a diferença para o clube imediatamente. É muito mais inteligente apostar nele do que nos nossos atuais meias, especialmente em Alisson e sua pecha de eterna promessa. O texto é só um pedido, para que o nosso treinador observe o atleta e dê chances. Se não mostrar o futebol que se espera, paciência, poderemos (aí sim) negociá-lo sem peso na consciência. Mas quando se contrata um jovem e o empresta é para que ele evolua e volte, para dar retorno técnico. Não o desperdicemos, como fizemos recentemente com Marinho e tantos outros. Mais inteligente que abrir a carteira para contratar é saber aproveitar quem está aqui, pedindo passagem e sonhando com uma oportunidade.

Por: Emerson Araujo