Lindo gol, Willian. Obrigado, tchau


O título faz com que todo o resto de texto seja dispensável. Mas vamos às delongas e explicar o porquê o bonito gol de Willian contra o Fluminense não pode mudar nada na necessidade de saída do “homem do bigode” do Maior de Minas. Willian parece ser um cara bacana, correto, educado, um profissional exemplar. Mas o que julgamos aqui não é se o cara vai para o céu. É o desempenho em campo, é render bem e ajudar o clube a vencer partidas, títulos. E nessa análise, Willian tem mostrado que, atualmente, mais atrapalha que ajuda.

Atrapalha porque sua presença é grande demais para ser relegado a um mero reserva. Um jogador que ajudou o Cruzeiro a conquistar dois Campeonatos Brasileiros em 2013 e 2014, teve uma fase excelente em 2015, nos ajudando a fugir do rebaixamento, mas fracassou miseravelmente quando mais esperávamos dele. Um jogador com o histórico do Bigode, a camisa 9 nas costas e os vencimentos mensais que recebe não tem o direito de ser coadjuvante. Deveria assumir a responsabilidade, virar O CARA do time. Mas nunca se mostrou capaz.

Willian chegou em 2013 para agregar qualidade ao plantel e ser uma sombra para Dagoberto. Funcionou muito bem na ocasião. Em um time azeitado, que tinha vários outros jogadores para chamar o jogo e dividir as obrigações, o reserva foi se tornando tão querido quanto o titular. Em 2014, o nível das exibições caiu bastante, o jogador oscilou muito, mas ainda assim a diretoria fez o esforço: o comprou junto ao Metalist, da Ucrânia. Após meses em baixa, o jogador despertou no fim da temporada e foi vital na campanha da Copa do Brasil, especialmente naquele jogo contra o Santos, na Vila Belmiro. Infelizmente ficamos com o vice, mas o título brasileiro fez tudo valer a pena.

Com o desmanche do time no início de 2015, esperávamos mais de Willian. E ele não entregou. Sempre como um jogador de lado de campo, esteve muito aquém do esperado durante toda a temporada. Fora da Libertadores e com pífia campanha no Brasileiro, o atleta renasceu sob o comando de Mano Menezes. Marcou muitos gols, jogando como um autêntico atacante e até ganhou – merecidamente – a camisa 9. Mas em 2016, foi um fracasso retumbante. Naufragou com o time na semifinal do Mineiro e na primeira fase da Primeira Liga. Seu primeiro gol saiu no ano saiu apenas em maio, contra o Campinense.

Aquele empate em 3 a 3, contra o Santos, na Vila, foi a única vez em que Willian realmente chamou a responsabilidade

Com Paulo Bento, teve uma produção um pouco melhor, marcando 5 gols em 15 partidas. Quando o português saiu, todos nós tivemos uma ponta de esperança de que o Bigode repetiria aquele rendimento da primeira passagem de Mano. Mas seu primeiro gol com o novo-velho treinador, foi ontem. Após 18 partidas passando em branco. Mesmo com um comandante que publicamente adora o seu futebol. Willian é um atacante que não faz gol. Ele pode ter um domínio de bola exuberante, lutar muito em campo, ser a melhor pessoa do mundo. Se um atacante não marca gols, eu não o quero no meu time. Simples.

Apenas uma comparação simples, Willian tem 7 gols em 2016, tendo entrado em campo 43 vezes. Isso seria um bom desempenho, caso estivéssemos falando de um zagueiro-artilheiro, ou de um volante. Do atacante, temos a obrigação de esperar mais. Apesar de ser tecnicamente um jogador limitado, Ábila já marcou 12 vezes pelo clube em 25 aparições. Sendo ainda mais detalhista: Willian marca um gol a cada 355 minutos em campo. Ábila balançou as redes uma vez a cada 141 minutos pelo time celeste. Daí nós temos uma clara análise sobre a produtividade dos nossos atacantes.

A saída de Willian seria o melhor para todo mundo. Parte da torcida já pega no pé do atleta no Mineirão, isso pode acabar desgastando uma relação muito boa com um jogador que está na história do clube pelo bicampeonato. Com o noticiado interesse do São Paulo, uma transação pode ser boa para abrir espaço para jogadores já vinculados ao Cruzeiro e que nunca tiveram chances reais, como os jovens Alex, Rick Sena e Judivan (quando voltar da lesão), a incógnita Joel (que tem 7 gols no ano pelo Santos, com um terço dos minutos de Willian aqui) e até mesmo Neílton, que realiza ótimo ano pelo Botafogo.

Claro que o clube poderia ainda estar atento a boas revelações do futebol nacional, como Willian Pottker, da Ponte Preta. A única certeza que tenho, é que Mano não pode repetir o erro de Marcelo Oliveira e se apegar demasiadamente a jogadores que foram vitoriosos com ele. Isso vale para a diretoria, que pensa em cometer o ultraje de renovar com Bruno Rodrigo, disparado o jogador que mais nos tirou pontos no ano. Mas essa conversa é para um próximo texto. E como diria aquele slogan de um site de vendas, está na hora de desapegar. Nosso clube precisa voltar a ser forte em 2017 e não pode continuar como esse cabide de favores e mediocridades. Está na hora de voltar a ser Cruzeiro.

Por: Emerson Araujo