Jogos Históricos: Pressão e alívio no Chile (Universidad de Chile 0 x 2 Cruzeiro – Libertadores de 2014)


Cruzeiro e Universidad do Chile se enfrentam nesta quinta-feira em Santiago pelo Grupo 5 da Copa Libertadores e a Raposa almeja deixar a lanterna da chave e se colocar na briga por uma das vagas às oitavas-de-final. Curiosamente, os chilenos e o time celeste viveram situação semelhante em 2014.

Naquela ocasião, as duas equipes também frequentaram o Grupo 5 do torneio. Nos primeiros quatro jogos, o Cruzeiro tinha conseguido apenas 4 pontos, todos em casa. Vitória sobre a própria LaU e empate com o Defensor. Já fora, derrotas para Real Garcilaso e Defensor. E a vaga no mata-mata profundamente ameaçada.

Na liderança do grupo, o Defensor já tinha a vaga encaminhada. Com cinco jogos realizados, os uruguaios, na campanha que revelaram De Arrascaeta, já tinham dez pontos e transformavam aquele Cruzeiro e Universidad do Chile em um confronto de vida ou morte para os brasileiros. Em caso de empate, a Universidad do Chile, que já tinha nove pontos, chegaria aos dez e o Cruzeiro, com cinco, estaria eliminado com uma rodada de antecedência. Ou seja, cenário ainda mais dramático que o de 2018.

A Raposa, porém, vinha fazendo um Campeonato Mineiro consistente e no domingo anterior ao confronto havia eliminado o Boa Esporte na semifinal e garantido sua vaga na decisão. Por outro lado, a tabela reservava um duelo no Independência contra o Atlético-MG abrindo a decisão estadual justamente no fim de semana posterior ao confronto no Chile. E ao Cruzeiro cabia conciliar as duas tarefas.

Destaque-se, contudo, que evidentemente a Libertadores era prioridade. A sobrevida no torneio valia o semestre e a manutenção do estatuto que perdura até hoje de único brasileiro que disputou o torneio mais de uma vez e jamais caiu na primeira fase. Por causa disso, Marcelo Oliveira mandou a Santiago força máxima e seria recompensado por isso.

Apesar do Cruzeiro ter vencido a LaU por 5×1 no jogo do Mineirão, o discurso era de respeito ao rival. Os chilenos ostentavam uma campanha com 100% de aproveitamento em seus domínios e a perspectiva era de que o massacre em Belo Horizonte pouca relação teria com a disputa na casa adversária.

Com o apito inicial, a tensão tomou conta do campo. Henrique, já aos sete minutos, conheceria o primeiro cartão amarelo da partida por repetição de faltas. O confronto, aliás, teve um início truncado e agressivo, mas a Raposa soube aproveitar a situação com certa urgência. Aos dezesseis minutos, Everton Ribeiro cobrou falta em direção à área e o zagueiro Bruno Rodrigo cabeceou para colocar o time cinco estrelas em vantagem no placar.

O gol deixou o Cruzeiro mais confortável em campo e com o passar do relógio ficava evidente que a equipe chilena estava neutralizada. Aos vinte e sete minutos, porém, o primeiro susto importante. Fábio foi encoberto após finalização de Mora e Dedé apareceu de forma providencial para cortar o perigo de cabeça já quase em cima da linha.

O lance inaugurou uma mudança de rumo na partida e a partir de então os chilenos começaram a ter as melhores chances. Aos 32 minutos, Ceará foi mais um amarelado e a partida ficava mais nervosa. Aos 35 minutos, Rubio superou o lateral-direito chileno e finalizou encobrindo Fábio novamente. A bola, no entanto, saiu para a linha de fundo.

O momento chileno era ótimo, mas o Cruzeiro não se abateu. Aos trinta e nove minutos, a recompensa. Em boa trama de passes, Lucas Silva, Dagoberto e Ricardo Goulart construíram a jogada para que o paraguaio Samudio invadiu a área e marcou o segundo gol celeste e o seu primeiro com a camisa do clube.

A vantagem mais confortável abalou a LaU, mas por pouco tempo. Ainda antes do fim do primeiro, Cereceda finalizou com perigo e Fábio fez grande defesa, assegurando a manutenção do placar até o intervalo.

Na segunda etapa, o Cruzeiro conseguiu administrar melhor o perigo e correr poucos riscos. A LaU, por sua vez, se enervava e começava a perder a cabeça. Os cartões amarelos, por exemplo, mudaram de lado e aos 38 minutos Caruzzo atingiu Willian e foi expulso do duelo.

A Raposa, a partir disso, praticamente assegurava a vitória e a briga pela classificação para a rodada final. Teria tempo ainda, porém, para que o heroi da vitória, Samudio, fosse expulso aos 36 minutos por falta dura em Castro. Nada, no entanto, que estragasse a festa cinco estrelas e a vitória que manteve viva no torneio as esperanças da Raposa.

Ficha Técnica: Universidad de Chile 0 x 2 Cruzeiro

Motivo: 5ª rodada do Grupo 5 da Copa Libertadores de 2014.

Data: 03/04/2014.

Local: Nacional, Santiago (Chile).

Universidad de Chile: Johnny Herrera; Osvaldo González, Caruzzo e José Rojas; Cereceda, Sebastián Martínez (Francisco Castro), Rodrigo Rojas, Lorenzetti e Ramón Fernández; Rodrigo Mora (Farfán) e Patrício Rubio. Téc: Cristián Romero.

Cruzeiro: Fábio; Ceará, Dedé, Bruno Rodrigo e Samudio; Henrique, Lucas Silva, Ricardo Goulart (Souza) e Everton Ribeiro (Luan); Dagoberto (Willian) e Júlio Baptista. Téc: Marcelo Oliveira.

Gols: Bruno Rodrigo aos 16 min e Samudio aos 39 min do 1º Tempo.

Cartões amarelos: José Rojas e Caruzzo (Universidad de Chile); Ceará, Samudio, Henrique e Luan (Cruzeiro).

Cartões vermelhos: Caruzzo (Universidad de Chile) e Samudio (Cruzeiro)

Fonte: Cruzeiropedia.

Gols da partida: https://www.youtube.com/watch?v=-bxKOozgojs

Por: João Henrique Castro