A Incompetência vem de cima


Ano passado publiquei um texto com o título “Incompetente”, para nosso então diretor Valdir Barbosa. No texto, critiquei fortemente atuações pífias em negociações conduzidas por ele, onde tivemos uma sequência de fracassos.

Fato é que Valdir Barbosa já não faz mais parte do quadro de funcionários do Cruzeiro, mas os vexames continuam, e isso me levou a fazer uma reflexão.

Desde a saída de Mattos e com os ajustes feitos em nossas contas, o posto de “contratante” de jogadores passou por algumas mãos, mas todos foram duramente criticados pela falta de ambição. Conhecemos a realidade financeira do clube e percebemos que, a situação difícil é vivenciada não só pelo Cruzeiro, mas por todos os clubes brasileiros. Porém, percebemos uma ambição maior de quem assina o cheque em outras agremiações, deixando o Cruzeiro comendo poeira na montagem de seu elenco.

Essa falta de ambição vem obrigando nossos diretores a negociar diretamente com jogadores para os induzirem a forçar a saída de seus clubes atuais. Algo que considero completamente anti-ético e que já nos deixou a ver navios em outras oportunidades, quando a situação era contrária. Só que a sede do Cruzeiro é no Barro Preto, não em Xangai.

Nossas propostas não são tão atrativas a ponto de o jogador querer sair e o clube não ter condições de cobrir a oferta. Conseguimos, no máximo, um aumento salarial para atletas que negociamos. Quando conseguimos enfim convence-los – o que é raro – esbarramos na pechincha do pagamento dos direitos do atleta. Negociamos até o último centavo possível e, quando atingimos um valor “pagável”, ainda temos que parcelar. Isso gera grande desgaste com todas as partes: dirigentes, investidores, atletas e, principalmente, a torcida.

Um exemplo, é a negociação frustrada com Ricardo Gomes, hoje técnico do Botafogo, após a saída de Deivid. Não conseguimos tirar um técnico do Botafogo. Não conseguimos tirar um técnico do BoTaFoGo. Não conseguimos tirar um técnico do BOTAFOGO!!

O principal culpado pela má administração dos nossos recursos que levou o Cruzeiro para o buraco em que nos encontramos está claro para todos. Gilvan de Pinho Tavares. Diretores passaram, e a falta de ambição permanece desde 2015. Não precisa ser especialista para enxergar o que salta a nossos olhos. Entretanto, dirijo as mesmas críticas que fiz ao Valdir ano passado, aos atuais “contratantes” do Cruzeiro: Bruno Vicintin e Thiago Scuro.

Todos sofrem com a falta de dinheiro, mas nosso diferencial é a marca. Profissionais deveriam ser seduzidos a vir trabalhar no Cruzeiro simplesmente por sermos quem somos, mas nem isso nosso diretor e vice-presidente estão conseguindo. Negociações demandam atitudes transparentes e demonstração de confiabilidade no projeto apresentado, mas acredito que perdemos um pouco dessa confiança no mercado pela sucessão de erros da nossa presidência, e isso já vem de muito tempo.

Não sou da turma que diz que os dois devem pedir demissão caso não estejam conseguindo trabalhar pelas limitações impostas pelo presidente. Creio que, na situação de ambos, e principalmente por ser Cruzeirense, no caso de Bruno Vicintin, eu não abandonaria meu clube de coração por conta de um presidente incompetente e centralizador ao extremo. Porém, a ocultação de certas informações e o insucesso frequente vem nos levando a, inevitavelmente, coloca-los na mesma laia de gente incompetente, como o Gilvan.

Por: Luciano Batista