Guerreiros, até quando?


“Machuca demais o coração azul ver jogadores que tem pouco ou nenhum respeito por um manto que já cobriu o peito de Tostão, Dirceu Lopes e Piazza, Natal, Niginho e Joãozinho, Roberto Batata, Nonato e Sorín, Ronaldo o Fenômeno, Renato Gaucho, Raul, Dida e Alex o maestro da tríplice coroa.”

Salve, salve China Azul.

Os erros se repetem e nada é feito no Cruzeiro para melhorar o time e corrigir as falhas.
O jogo ridículo que a china azul assistiu no domingo foi digno de uma tragédia romana encenada em um palco de circo. De um lado a história mais que repetida e conhecida, aquele enredo clichê que já não surpreende mais ninguém. De outro, atores descompromissados e que só estão ali para garantir o ganha pão. Assistindo a tudo isso, torcedores que se tivessem colocado o famoso “nariz de palhaço” poderiam participar deste insosso espetáculo.

Uma semana atrás eu comentava sobre o problema crônico que temos na defesa e principalmente na lateral esquerda. Começam e terminam os anos, técnicos iniciam e terminam seus trabalhos no clube celeste, mas uma coisa não muda: não se contrata um Lateral esquerdo para o time.

É algo inexplicavelmente angustiante, o torcedor quer acreditar no time, mas quando vê que Éverton foi relacionado como titular para a posição, desanima. Eu não consigo acreditar que no Junior ou Juvenil do Cruzeiro não tenha um jogador melhor que ele; se não for melhor, que tenha pelo menos boa vontade nos jogos. É inadmissível ver este atleta vestindo a camisa que foi de Sorín, Nonato, Vanderlei e Nininho. Jogadores que honraram a camisa celeste e fizeram o torcedor guerreiro inflar o peito para soltar o grito de campeão.

Vou contar uma historinha. Nas décadas de 80 e 90, o bairro onde cresci tinha dois times amadores muito conhecidos: Maxubara e Cruz de Malta. Este que vos escreve jogava como lateral esquerdo no time do Cruz de Malta. Todos os jogos eram acirrados entre os dois times e para vencer o jogo, tentávamos sempre preencher todos os espaços e fazer uma marcação ferrenha no jogador adversário. Vencíamos algumas vezes e perdíamos outras neste grande clássico do meu bairro, mas nunca, nunca mesmo, um atacante, volante ou ala direito passaria do meu lado da maneira que eu vi o ataque do Grêmio passar pelo Everton ontem. Com toda certeza eu o caçaria até tomar-lhe a bola ou na pior das hipóteses faria sem dó a falta, mesmo que em troco de um cartão amarelo ou uma expulsão, mas jamais ficaria olhando inerte um ataque adversário.

O problema é que Everton não é o único culpado. A defesa do cruzeiro bate cabeça demais. Se não for definida uma zaga titular, estaremos navegando em águas perigosas até o final do campeonato. Zaga é um setor do time que exige entrosamento e confiança da dupla e isto leva tempo e jogos que o time estrelado não tem mais para esperar. Outro dilema que vivemos é a falta de combatividade no meio. Desde a chegada de Roth o Cruzeiro contratou um caminhão de volantes, porém é difícil demais ver a quantidade de passes que Leandro Guerreiro, Marcelo Oliveira e Tinga erram. Parece que o famoso “um-dois” não é treinado há tempos na Toca. Para Completar, Montillo não consegue se desvencilhar da marcação e criar, quando o faz, esbarra na ineficiência do ataque celeste. No jogo contra o Grêmio Wellington Paulista mais parecia uma barata tonta em campo. Fabinho não entrou bem e Anselmo Ramon só esteve em corpo. Não vou criticar Borges, pois está no início do trabalho e tem talento para se tornar titular neste time.

Quanto à apatia em campo, isto é totalmente inadmissível. Como pode um time jogando com um jogador a mais, desde o primeiro tempo, não ter poder de reação e principalmente, NÃO TER VONTADE de buscar o resultado, nem sequer tentar o empate diante de sua torcida? Podemos comparar as duas derrotas que vimos do time neste Brasileirão, no estadinho do Horto, o Independência. Contra o São Paulo, após uma batalha, o time parecia cair de pé e merecidamente foi aplaudido pelo torcedor que lotou o acanhado estádio, reconhecendo a bravura do time. Já no jogo contra o Grêmio, vaias. Desde o início do segundo tempo elas foram, em uníssono, o hino entoado aos dispersos “calçadores” de chuteira que estavam em campo. Até o penal no final do jogo foi “comemorado” com um sonoro alarido de insatisfação do torcedor celeste.

Eu gostaria que este comentário chegasse ao nosso presidente, Doutor Gilvan de Pinho Tavares. Este é um clamor não só meu, mas de uma imensa torcida que ama o clube, que se fez guerreiro por excelência. Um clube que sempre mesclou toque de bola e raça de uma maneira singular e própria. Machuca demais o coração azul ver jogadores que têm pouco ou nenhum respeito por um manto que já cobriu o peito de Tostão, Dirceu Lopes, Piazza, Natal, Niginho, Joãozinho, Roberto Batata, Nonato, Sorín, Ronaldo o Fenômeno, Renato Gaucho, Raul, Dida e Alex, o maestro da tríplice coroa.

Peço aos homens que fazem o futebol do Cruzeiro que repensem tudo aquilo que vem acontecendo nos últimos nove anos. Isto não condiz com nossa história. Sejam homens e tirem a poeira debaixo do tapete. Se tiver algo de podre das gestões anteriores, que venha a público e limpe toda imundice da dinastia Perrella que ainda exista no Cruzeiro. A torcida pede respostas caros diretores. Eu acredito que vocês gostem do Cruzeiro e querem vê-lo forte, lutando pelos títulos. Se este não é o intuito, muito obrigado e adeus. O Cruzeiro precisa de dirigentes que o façam figurar novamente entre os grandes do país.

Um filho guerreiro não foge à luta.
Um abraço a todos