Gratas surpresas, boas opções


Gratas surpresas, boas opções - Foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press

É bem verdade que o América não impôs grandes dificuldades na partida de domingo no Mineirão. Aliás, já faz um bom tempo que não, em geral. O placar de 2×0 foi magro diante do ótimo volume de jogo apresentado pelo Cruzeiro durante os 90 minutos, onde ditou o ritmo desejado, controlou as ações e não sofreu defensivamente. Em suma, uma atuação do time alternativo mais que aceitável trazendo além dos três pontos na tabela e constatação da força do elenco celeste, gratas surpresas que antes desconhecidas, agora já pintam como opções interessantes.

A começar pelo zagueiro Wallace. Cria da base celeste, o jogador de apenas 19 anos já fazia por merecer uma oportunidade. Titular e capitão da atual Seleção Sub-21, sua trajetória no clube sempre foi marcada pelos elogios e afirmações de que seria uma joia. Atuando pela primeira vez como titular da zaga celeste, confirmou todas as expectativas em um primeiro momento. Foi seguro durante toda a partida, combativo, pegador, firme. Acima de tudo, tranquilo. Soube anular a movimentação da ofensiva americana alternando mudanças de posicionamento e funções com o companheiro Léo, fosse combatendo ou caindo mais na cobertura. Ao assistir seus desarmes e saídas de bola, questionava amigos se ele era destro ou canhoto, tamanha era a naturalidade com que destruía e saia jogando pelos dois lados, sempre alternando. Se portou bem nas jogadas aéreas, fazendo valer sua altura de 1,94m, sempre com firmeza e qualidade. Cativou a torcida logo em seu cartão de visitas e provou ser uma excelente opção quando necessário. Aguardemos outras oportunidades a outro diamante azul.

Vale menção honrosa ao zagueiro Léo. Questionado por boa parte da torcida, na qual me incluo, é justo ressaltar que Léo é uma opção de elenco necessária. Além de sempre reforçar que joga no clube que torce, o zagueiro é exemplo de humildade ao nunca reclamar da reserva. Repare: Léo já teve altos e baixos no clube, foi titular e hoje frequenta o banco, mas nunca foi à imprensa causar e agitar por uma vaga. Sempre trabalhou calado e humilde para reaver suas oportunidades. Por muito menos, jogadores recentes como o limitadíssimo Paulão e o eterno lesionado Victorino apelaram aos microfones ao invés das quatro linhas. Valorizemos isso.

Quanto ao desconhecido Rodrigo Souza, outra grata surpresa. Ciente de que sua briga não é com Lucas Silva e Nílton nesse momento, precisava demonstrar mais que Henrique e Souza para se tornar opção mais frequente. E na concepção da maioria que viu a partida, isso foi alcançado. Desarmou com extrema eficiência por toda a partida, sempre jogando o simples. Destruía, distribuía e voltava à sua posição logo em seguida, rapidamente, como manda o manual do bom 1º volante. Aliás, posição essa que o Cruzeiro carecia de um jogador mais firme. Temos ótimos jogadores que cumprem a função de 2º volante, mas faltava esse jogador mais plantado, mais destruidor, mais Augusto Recife, se me entendem. Rodrigo deu a entender que prefere atuar dessa forma logo em sua chegada e parece ter agradado ao treinador, que teceu rasgados elogios ao novato. Ganhamos assim uma opção diferente daquelas que já tínhamos e conhecíamos, qualificando ainda mais nosso grupo.

Marlone foi outro que aproveitou muito bem a chance recebida. Outro ciente de que a briga nesse momento é com os outros jovens jogadores por espaço, o meia foi ameaça constante na partida, demonstrando uma leitura de jogo interessante, já que não parava de alternar posição com William pelos lados. Atraiu o jogo, driblou e buscou os companheiros a todo momento, faltando apenas concluir mais. Contudo, isso virá com o tempo e desenvoltura. Tem muito futuro no time.

Já Élber, Alisson e Eurico mostraram que também poderão ser úteis. São jovens, terão espaço na medida do possível e souberam aproveitar essa primeira oportunidade na temporada. Alisson entrou demonstrando o ímpeto ofensivo que o caracteriza tão bem e que na minha opinião o coloca à frente de Élber como opção. É mais incisivo e talentoso com a bola nos pés, sempre em jogadas agudas em direção ao gol.

Muito mais que os três pontos, a partida contra o América valeu pela reafirmação da força do elenco celeste. Mostrou que a fórmula adotada pela diretoria de mesclar jovens jogadores com outros mais experientes continua dando certo, desde que todos tenham futebol para demonstrar. Fiquei muito contente ao ver que, ao final do jogo, tínhamos em campo nada menos que cinco atletas no time titular formado em casa: Mayke, Wallace, Élber, Eurico e Alisson. Isso sem falar em Lucas Silva, Elisson e Alex no banco de reservas.

No caminho certo. Como em 2013.