Foi o pior dia da minha vida


Não basta você ter nascido no mesmo dia em que o maior rival faz aniversário. Não basta receber as congratulações de todos os amigos atleticanos com piadinhas infames e comentários lixosos. Não, nada disso parecia ser o suficiente para celebrar a entrada na sombria casa dos 26 anos de idade. Esse trecho é um desabafo pessoal de mais um dos meus manifestos de ódio. E o motivo deste é muito simples, ressaltar como os maus resultados do Cruzeiro conseguem destruir o meu humor, meu dia, minha vida.

Longe de mim incentivar alguém a ter esse tipo de pensamento. Não é bonito, não é bom, muito menos saudável. É horrível você depositar tanta esperança em um time, amar essa instituição da maneira imbecil como tantos de nós fazemos por um clube de futebol. Mas é a realidade e sei que sou apenas mais um nessa multidão de mal-acabados, torcedores felizes, infelizes, afortunados e afundados em empates medíocres e derrotas inexplicáveis.

O Cruzeiro segue invicto na temporada, mas o empate desta quarta-feira contra o Mamoré, repitam comigo, Mamoré, M-A-M-O-R-É, no Mineirão, foi a minha constatação de que 2015 será um ano imenso. Cada jogo será um martírio e muitas torturas virão. Se eu que sou “geneticamente programado” para torcer pelo time estou assim, imagina um profissional como Marcelo Oliveira, que viu seu time campeão ser desmontado para ter que usar jogadores sem a menor condição de serem chamados de profissionais, como esse ilustríssimo Riascos? Se o elenco continuar apresentando esse futebol pífio, temo que mais dia menos dia, Marcelo peça o boné para trabalhar em um clube que lhe dê melhores condições. Isso não envolve apenas dinheiro, capital humano é o que realmente faz a diferença entre vitória e derrota.

O grande problema de ser torcedor é a teimosia. Perdi as contas de quantas vezes sentenciei que iria cancelar meu sócio, que um estagiário de um jornal que mal tem dinheiro para pagar suas contas não deveria colocar o futebol entre suas prioridades. Mas todo mundo tem direito a alguns erros na vida, e o amor pelo Cruzeiro é o meu. Seguirei errante, por mais 26 ou quantos anos ainda me restarem. Mas pelo amor de Deus, Cruzeiro, pare de nos testar ao extremo do ridículo. Os mais de seis mil presentes deveriam receber no mínimo o dinheiro do ingresso de volta após a bizarrice de ontem. Seria justo. Eu só queria a vitória como presente de aniversário. Chegando aos 27, tentarei de novo. E que dessa vez, não haja um Mamoré no meio do caminho.

Por: Emerson Araujo