Eu não voto azul, VOTO AZUL


Eu sou CEC, por isso voto em X… Eu sou CAM, por isso voto em X… Duas motos, uma do lado da outra, torcedores dos maiores adversários em Minas, informavam nos seus adesivos que votavam no mesmo candidato. Os mesmos que não conseguem se olhar na cara, que nos últimos tempos impediram a realização do clássico com as duas torcidas, manipulados pela propaganda de ‘estamos todos unidos’.

Difícil escrever que o Grilo Azul não vota AZUL, mas é necessário esclarecer. O Grilo Azul vota propostas e seriedade, não manipulação. O Grilo Azul é da época em que a palavra ainda valia alguma coisa, inclusive quando nossos pais defendiam que a gente tinha que persistir e mantê-la contra vento e maré, inclusive nas piores tempestades.

Eu não voto AZUL porque a lógica da paixão pelo poder está por cima do amor ao bem comum e porque a expressão “fazer bem as coisas” deixou de significar alguma coisa e agora é utilizada para eliminar do caminho àqueles que, de verdade, fazem as coisas acontecerem de maneira correta.

Eu não voto AZUL porque as pessoas, os torcedores, os anônimos, os que sustentam com sua lealdade e paixão às grandes empresas, os grandes clubes, os grandes atos, são somente fantoches, um dígito, um enfeite das pesquisas e eleições, mas que nada valem na hora da tomada de decisões.

Lamento, não dou conta dos que vendem à proposta AZUL que não suporta a grandeza, o talento e a genialidade; não voto jamais os vendedores de bodes expiatórios e logo falam “eu já sabia, eles são ruins”, ganhando grana à custa da nossa falta de consciência política.

Finalmente, eu não voto o AZUL dos conchavos, das alianças sagradas e abstratas, dos lobbys, do amigo do amigo do primo do cunhado, da imagem, do amigo que manda mensagens bonitas pelo twitter, do comentarista de rádio que utiliza seu espaço para martelar diariamente sua proposta e logo nada faz para seus votantes, daquele que escreve maravilhas no blog e logo nada sabemos de suas ações, daquele que coloca em primeiro lugar o “aparecer” e exclui o “ser”.

Mas, para onde que eu vou e como voto nesta cidade que amo e quero ajudar a construir? Será que devo fugir? Lógico que não. Apenas vou votar numa outra proposta AZUL. O azul onde fazer bem as coisas significa também fazer o bem, onde jogam juntas a qualidade, a decência e a nobreza. Não é o azul dos rapazes motoqueiros. É o AZUL forte dos torcedores que só torcem pelo prazer de torcer, dos sonhos da profundeza dos campos de várzea sem cartazes nem propagandas, do chinelo estragado que não vende seu voto, do radinho dos ‘Zé Ninguém’. Voto o AZUL de todas as divisões, dos titulares, dos suplentes, dos que querem ser vistos como cidadãos…