Entre expectativas e realidade, um empate (Cruzeiro 2×2 Vasco – Campeonato Brasileiro 27ª rodada)


Antes de começar a falar sobre a partida de ontem, um alerta: tudo o que está escrito neste texto diz respeito ao que de fato aconteceu no jogo e não ao que o torcedor esperava que acontecesse. Daí a diferença entre uma análise racional e uma análise cega. Por isso, já começo dizendo que a expectativa do torcedor do Cruzeiro para o duelo contra o Vasco era por uma vitória fácil (devido ao cruzmaltino ocupar a lanterna do Brasileiro e à péssima campanha que o time carioca tem feito) e tranquila no Mineirão.

O jogo

Enganou-se quem pensou que o Vasco viria com uma proposta de esperar o Cruzeiro. A equipe carioca começou a partida fazendo pressão, fechando todos os espaços e encurralando a Raposa em seu campo defensivo. Durante os quinze primeiros minutos de jogo, o Vasco deixou o Cruzeiro em desespero, pois conseguia pressionar e deixar o time celeste sem ter o que fazer no ataque. Mostrou-se uma equipe muito bem comprometida taticamente e bastante motivada a tirar pontos do Cruzeiro em pleno Mineirão.

Por isso, aos 24 minutos da etapa inicial, o atacante Rafael Silva invadiu a área cruzeirense, chutou e no rebote marcou o primeiro gol do Vasco no Mineirão. Ouso dizer que o Cruzeiro só conseguiu o empate porque o time do povo foi empurrado pelo torcedor, que mais uma vez deu um show. Aos gritos de “zeiro, zeiro, zeiro”, o Cruzeiro tratou logo de empatar o jogo. E foi preciso apenas 2 minutos pra isso: o goleiro Jordi saiu jogando afobadamente, o zagueiro do Vasco se atrapalhou todo, perdeu a bola e a pelota acabou sobrando para Willian que, de fora da área, arriscou e marcou um golaço.

A tranquilidade veio e nas arquibancadas o torcedor sentiu o bom momento do Cruzeiro na partida e cantou ainda mais alto. A Raposa virou o jogo aos 41 minutos, quando Ceará escorou a bola com o peito, Willian desviou de cabeça e a pelota caiu nos pés de Álisson, que chutou pro fundo do gol.

No segundo tempo, o Vasco continuou muito bem postado, fechando os espaços e pressionando o Cruzeiro. Houve um momento em que a Raposa estava sendo tão pressionada que o torcedor começou a cantar ainda mais alto o tradicional “zeiro, zeiro, zeiro” para motivar o time azul. Deu certo: o Cruzeiro se reorganizou e inverteu a pressão. Mas o Vasco, valente, não desistiu de atacar. Era matar ou morrer. Colocou mais atacantes em campo e, aos 35, Rafael Silva marcou seu segundo gol no jogo após receber cruzamento dos pés de Andrezinho e cabecear pro gol. Fábio ficou só olhando a bola morrer na rede. 2×2.

A realidade é que o Cruzeiro poderia ter saído do Mineirão sem um ponto sequer. O time foi beneficiado pela arbitragem que não expulsou o zagueiro Bruno Rodrigo, que já tinha recebido cartão amarelo e cometeu outra falta para cartão. Além disso, Willians colocou a mão na bola dentro da área, em lance similar ao de Léo Silva, no último clássico. Pênalti não marcado para o Vasco. E tudo isso não significa que não houve vontade de vencer, muito pelo contrário. O Vasco é que veio extremamente motivado, organizado e disposto a ganhar os três pontos. Méritos pro adversário. O Cruzeiro saiu no lucro.

FICHA TÉCNICA

Local: Mineirão, em Belo Horizonte (MG).

Data/Hora: 16/09/2015 – 22h

Árbitro: Thiago Duarte Peixoto (SP)

Auxiliares: Rogério Pablo Zanardo (SP) e Hermam Brumel (SP)

Renda/Público: R$ 518.245,00 / 19.888 presentes

Cartões Amarelos: Bruno Rodrigo, Ceará, Vinícius Araújo e Henrique (Cruzeiro); Rodrigo, Júlio dos Santos e Serginho (Vasco)

Cartão Vermelho: Julio dos Santos (Vasco)

GOLS: Rafael Silva (2, Vasco); Willian e Álisson (Cruzeiro)

CRUZEIRO: Fábio; Ceará, Bruno Rodrigo (Paulo André), Manoel e Pará; Willians, Henrique e Ariel Cabral (Vinícius Araújo); Álisson, Willian e Marquinhos (De Arrascaeta) – TÉCNICO: Mano Menezes

VASCO: Jordi; Madson, Rodrigo, Luan e Júlio César; Serginho (Renato Kayser), Bruno Gallo, Júlio dos Santos e Nenê (Andrezinho); Rafael Silva e Herrera (Thalles) – TÉCNICO: Jorginho.

O destaque do Cruzeiro, além do show do torcedor (mais uma vez), vai para o atacante Willian. Sob o comando de Mano Menezes, o dono do bigode mais famoso do Brasil tem jogado um futebol acima da média. Um gol e uma quase-assistência coroaram sua exibição no jogo de ontem. Do lado adversário, Andrezinho e Rafael Silva aterrorizaram a defensiva celeste, que não teve uma boa atuação, principalmente o zagueiro Manoel que, ao meu ver, destoou demais e, por isso, fica com a Raposa de lata de hoje. Fábio, bastante questionado por não ter se mexido no 2º gol do Vasco, merece as críticas que recebeu. O goleiro vive um momento de instabilidade e precisa se recuperar. Suas últimas atuações não foram boas, mas isso não deve ser motivo para questionar sua renovação e muito menos tudo que o arqueiro já fez pelo Cruzeiro. Sejamos racionais! O mesmo torcedor que pediu a saída de Willian há um mês, hoje reconhece que o jogador tem feito a diferença. Futebol é momento. Normal. Fábio precisa se recuperar.

O time do povo vai a Santa Catarina enfrentar o Chapecoense na próxima rodada. Penso que esse jogo é menos complicado que o de ontem. Espero que os jogadores retribuam todo o apoio vindo das arquibancadas, façam um grande jogo e tragam os 3 pontos para Belo Horizonte. Não há motivos para desesperar. O momento é de instabilidade, porém o time vem evoluindo bastante.

Por: Pedro Henrique Campos