Em busca do ídolo perdido


Observando os noticiários, as entrevistas, as redes sociais e especialmente, os torcedores com o qual convivemos no cotidiano, é possível enxergar com uma clareza muito grande como estamos carentes de um ídolo.  Não é vergonha admitir isso, existe um argumento muito bem embasado para essa constatação. Hoje, os cruzeirenses tem se apoiado e inspirado em qualquer atleta que demonstre uma mínima afeição a nossa camisa, um respeito pela instituição e que especialmente, consiga impingir uma lufada de talento a um grupo que nos últimos anos pecou e muito por não ser mais do que mediano. Uma grande renovação no elenco traz esperanças de que surjam novos atletas referência para o clube; porém, é necessário cuidado. Alçar um atleta a uma condição acima de suas capacidades pode prejudicar irremediavelmente a trajetória de um bom jogador e transformá-lo num estorvo.

O Cruzeiro nunca será pequeno ou medíocre. E baseado nisso, temos que buscar e exigir sempre mais. Temporadas como as duas últimas, são inaceitáveis para qualquer um que conhece o tamanho desse clube e a reputação que tantos homens adquiriam e/ou consagraram vestindo o manto azul celeste. Os maiores nomes da nossa história podem ser datados das décadas de 60 e 70, seguramente uma época de ouro do futebol brasileiro, onde o Cruzeiro emergiu de vez como um gigante. Mas não vou me apegar no momento a eles, pois no alto dos meus vinte e poucos anos, me sinto mais preparado para comentar de jogadores que vi; que vieram e especialmente, que venceram.

Ídolo pra mim é aquele que além de se identificar com o clube, jogou tempo suficiente para ser lembrado por uma geração e que tenha participado decisivamente na conquista de títulos expressivos. Nem todos que triunfam em grandes decisões são merecedores de idolatria. Mas ninguém alcança tal status sem troféus e medalhas. Por esse critério, alguns nomes sempre serão lembrados sem suscitar um grande esforço de memória: Dida, Nonato, Roberto Gaúcho, Elivélton, Wilson Gottardo, Alex Alves, Marcelo Ramos, Sorín e por fim, Alex.

No elenco atual, alguns jogadores recém-chegados são vistos como potenciais ídolos por uma parte da torcida, mais imediatista. Apesar da força que possuem Diego Souza, Dagoberto e Borges, minhas maiores esperanças são depositadas em outros dois nomes: o zagueiro Paulão e o meia Everton Ribeiro. Paulão ‘Caveirão’, como foi apelidado desde os tempos de Grêmio, chegou mostrando um cartão de visitas muito respeitável. Sem dar pancadas e sem vergonha de dar chutão, quando a situação exige. Merece atenção e um acompanhamento muito próximo, para que a ‘carruagem não vire abóbora’. O outro destaque, Everton RiBale – alusão ao jogador galês grande sensação do futebol europeu na atualidade – é um meia que demonstra uma timidez frente a repórteres e câmeras que parece desaparecer nos gramados. E pelo visto, essa desenvoltura está sendo monitorada por muita gente, como comprova a proposta de 7 milhões de euros, proveniente do futebol russo e rejeitada recentemente, após míseras três atuações com a camisa celeste. Indicador melhor, impossível.

Outros nomes podem ser aventados como merecedores de um lugar no coração dos cruzeirenses em um futuro próximo. Mas é necessário que todos estejam cientes: se quiserem ser lembrados em nossa história, terão que mostrar resultado em campo e na sala de troféus. Fábio, apesar de nunca ser uma unanimidade, é o mais próximo de um ídolo que temos hoje. E mesmo sendo um dos atletas com maior número de partidas na história do clube, não convence boa parte da torcida por ter apenas títulos estaduais em seu currículo. 2013 é a chance de mudar definitivamente sua imagem, se estabelecendo de vez como um campeão. O próprio goleiro já veio a público externar que esse grupo é o melhor em que já trabalhou. Que a oportunidade não seja desperdiçada. Hoje e sempre, estaremos na torcida.