Egos do além


Não é possível. Que idolatria é essa ao Mattos? Ao Marcelo Oliveira? Aos jogadores? Eu montei esse time, eu pago o salário deles, eu sou o grande responsável pelos títulos. E esses ingratos não me dão o devido valor, não gritam o meu nome com a mesma intensidade que a do Everton Ribeiro. Não me festejam como fazem nos gols do Goulart ou nas defesas do Fábio. Nem votaram em mim na eleição, não quiseram me colocar no governo estadual como fizeram tantas vezes com o Perrella. Quer saber, vou acabar com essa palhaçada“.

O trecho acima se refere a um pensamento ou a um diálogo que supostamente nunca aconteceu. Mas serve como um bom exercício para explicar o que tem ocorrido com a cabeça do presidente do Cruzeiro de dezembro pra cá. Ou ele está irremediavelmente louco, ou foi atingido no ponto onde poucos seres humanos conseguem se recuperar: o ego. Afinal, existe justificativa para se tirar toda a estrutura de um time campeão, abrindo mão de profissionais vencedores e identificados, tratando a todos como dispensáveis quando infelizmente não eram? Deixando bem claro desde o início: essa crítica não é e nunca será um brado pela volta da família Perrella. NUNCA. Segue o jogo.

Cruzeiro vence o Goiás no ano passado. Minutos após a confirmação da taça, vem o grito da torcida por Alexandre Mattos. Os pedidos de um estádio lotado para que ele fique são de comover qualquer um. Uma pessoa, no entanto, não parecia tão interessada na manutenção do diretor de futebol. Gilvan se apressou em dizer que ninguém é insubstituível, antes de emendar que ele seria o novo diretor de futebol. Todo mundo sabe que ali a vaca foi pro brejo. Quando resolveu promover Valdir e Benecy para seus fiéis escudeiros, desandou de vez. E o que temos visto é uma enxurrada de erros e falta de profissionalismo. Por mais que nos doa, o Cruzeiro está virando piada. Tenta todo mundo, só traz apostas, jogadores com pouca expectativa de retorno. O atual bicampeão brasileiro não consegue trazer ninguém.

Para fechar com chave de ouro, está claro como Gilvan e seus dois jagunços minaram o trabalho do treinador Marcelo Oliveira, outro que era adorado pela torcida e tido por todo o Brasil como o grande responsável por aquele time espetacular. Primeiro passo, vender os principais nomes da equipe, com a justificativa de equalizar a receita. Até aí tudo bem, mas e o fato de não trazerem nenhum jogador indicado pelo antigo treinador? Será que não conseguiram ou não quiseram trazer? Fico com a segunda opção. Foram amontoando jogadores para a posição que o treinador não queria, criando situações desagradáveis ao ótimo ambiente do clube.

Tudo isso porque perdeu a eleição? Porque não era valorizado como achou que devia? As estrelas do futebol sempre serão os jogadores, a questão é que uma retaguarda competente dá a tranquilidade e o respaldo para os craques brilharem. Todo time vencedor tem que ter os seus carregadores de piano, aqueles que fazem o trabalho duro para o maestro dar show. Porém, nosso presidente não se mostra humilde o suficiente para trabalhar em silêncio e colher as conquistas do clube como um todo. “Ah, contratar jogador é fácil, eu posso fazer isso…”. O tempo nos mostrou que não é verdade. Felizmente, Gilvan ainda não se convenceu de que jogar futebol é fácil, e de que ele mesmo pode dar conta do recado. Senão pode ser o fim do clube que amamos. #ReageCruzeiro

Por: Emerson Araujo