E o Mineirão tremeu


E o Mineirão tremeu - Cruzeiro Esporte Clube

Salve, salve China Azul.

Não, o título não é uma expressão de efeito para chamar a sua atenção e prende-lo até o final do texto caro leitor, o Mineirão literalmente tremeu durante o jogaço entre Cruzeiro x Botafogo pela 22ª rodada do Brasileirão 2013.

Já do lado de fora a China Azul mostrou sua força, seu amor incondicional, seu desejo por vitória e seu apoio a um grupo que vem enchendo de orgulho o peito celeste como a muito não se via.

Quatro horas antes do jogo o transito já acusava que este não seria apenas um jogo e que esta noite não seria apenas uma noite, a intensa movimentação nas ruas e nos veículos rumando à Pampulha eram sinais incontestáveis: O Cruzeiro vai para uma decisão.

Sim, uma decisão, destas que não decide muita coisa, mas que enchem ainda mais de esperança por um título a muito esperado.

Para quem vinha pela Antônio Carlos, na praça Alfredo Camarati, início da avenida de mesmo nome o torcedor celeste se concentrava para o famoso “esquenta”. Cerca de cinco mil torcedores se amontoaram na praça entoando músicas, e soltando a voz em uníssono: “Nós somos loucos, somos Cruzeiro…!”. Faixas, bandeiras, camisas girando e sinalizadores brancos e azuis pintavam o local com a mais bela cor do universo.

Não tinha como duvidar, esta seria uma grande noite celeste.

Para variar, estacionar no entorno ou dentro do estádio foi um martírio. O afunilamento que a Minas Arena e BHTRANS fazem na entrada da Carlos Luz é algo de uma imbecilidade imensurável. Sem contar com o ridículo tamanho dos portões do Estádio, que espreme os veículos a uma única pista de entrada.

Apesar dos contratempos, nada importava realmente, pois aquela noite seria celeste. Por todo lado que se olhava mais e mais torcedores chegavam e iam se aglomerando. Um mar azul invadindo o estádio que ama o time celeste e o acolhe como o mais nobres filhos de sua terra. O Mineirão é Azul e a mais fiel e apaixonada torcida celeste o conclamou como sua verdadeira e única casa.

Um show acontecia na explanada embalando os torcedores guerreiros no Portão Sul. Bem perto dali, no hall de acesso e entrada dos times, uma recepção sem antecedentes estava preparada para carregar o time até o interior do estádio.

Um mar azul em diversos tons de azul e branco, uma festa em vários cantos e com todas as classes de torcedores. Uma festa do povo azul e de uma nação que conclama para si o título que o time busca com tanto afinco nos gramados. A cada jogo uma esperança percorre toda a alma celeste, ansiosa para comemorar o maior título de nosso país.

Mais bonito ainda é ver que a China Azul entende a dificuldade do campeonato e não cai na pilha do “oba oba” ou do “já ganhou”. Ao contrário, a cada jogo se empolga e empurra o time celeste a mais uma vitória, a mais uma final, a mais três importantíssimos e únicos pontos. A presença massiva do torcedor em todos os instantes ao lado do time cobra uma postura de seriedade e concentração que faz com que nossos guerreiros entrem com “a faca entre os dentes” para buscar jogo a jogo os pontos que lhe conduzirão ao título, que hoje depende única e exclusivamente da manutenção deste trabalho bem feito.

Dentro do Estádio os cantos não pararam por um segundo sequer, quarenta minutos antes da partida a China Azul já se manifestava e assim foi durante toda a partida. Mais bonito foi ver que as organizadas estavam em sintonia e quase sempre cantando a mesma música, o que faz o espetáculo ficar ainda mais bonito.

Mesmo com o jogo tenso a confiança estava inabalável no torcedor. Era só olhar no rosto de cada um dos 46 mil torcedores presentes, a vitória era certa e apenas questão de tempo. E quando o maravilhoso gol de Nilton aconteceu, as estruturas do novo estádio vieram abaixo. O estádio tremeu e tremeu muito. Fiz questão de fazer uma pausa em meus pulos e gritos para apenas observar e ter certeza que não estava imaginando coisas.

Não, não estava. Aquele balançar do antigo estádio que acontecia láaaa antes da reforma de 1996 quando colocaram amortecedores para “segurar” a arquibancada aconteceram. A China Azul sacudiu o Botafogo e o estádio em uma festa inebriante e apaixonante. Um furor da mais bela torcida brasileira. Uma paixão incondicional traduzida em uma única palavra: GOOOOOOOOOOLLLLLLLLL.

Aí quem estava no estádio pode me perguntar se o penal marcado contra calou ou tirou o ímpeto celeste. E eu respondo: “NÃO”. Logo após o fraco árbitro apontar para a cal, a china azul entoou o nome de seu arqueiro: “FÁBIO, FÁBIO!” “FÁBIO, FÁBIO!”. Tá ok, eu sei que ele não pegou o penal, mas a pressão da torcida celeste sobre o multicampeão Seedorf imperou e, como um menino assustado deu uma pichotada de canela na pelota mandando-a para fora.

O imponderável aconteceu e em um lance de sorte digno dos campeões, o time e a torcida celeste viram a bola ir para fora e novamente o estádio explodir ainda com mais furor e alegria pelo lance desperdiçado.

Deste instante em diante o que se viu foi uma festa monumental e incomparável de toda torcida, que acompanhou de pé e sem pestanejar o desfecho do jogo.

Parabéns torcedor guerreiro. Parabéns a todos que foram e a todos que de longe mandaram a energia positiva que contagiou o time celeste, impulsionando-o rumo a mais uma vitória. Vitória que vale apenas três pontos, mas que pode valer também a arrancada rumo ao título. Vitória que pode ter um fator motivacional para torcida e grupo de jogadores, e que pode também desmotivar um pouco os adversários.

Vitória de quem quer ser campeão, mas sabe que ainda tem “muita água para passar por baixo da pinguela”.

Um abraço a todos e lembrem-se sempre, um filho guerreiro não foge à luta!