E aí, Luxa? Vamos trabalhar?


Salve, China Azul! Ontem, mais uma vez, o Cruzeiro atuou mal perante o Internacional no Mineirão. Continua faltando criatividade, continua faltando técnica, continua faltando padrão tático; a evolução percebida durante as boas partidas contra Sport e Palmeiras foi facilmente jogada por terra. Não tiro a culpa dos jogadores pela má vontade, mas também não posso isentar a culpa do treinador Vanderlei Luxemburgo.

Todos nós entendemos que o elenco celeste é limitado; não passa de um emaranhado de jogadores medianos e que, ainda por cima, estão em má fase, na sua maioria. Sabemos que, deste elenco, não podemos esperar mais do que a fuga da zona de rebaixamento. Entretanto, esperávamos que qualquer treinador que assumisse o Cruzeiro, por maiores que fossem as dificuldades, tivesse algum compromisso com o trabalho. Infelizmente, não é o que temos visto atualmente com Luxa.

Não bastassem as dificuldades naturais pelos problemas citados anteriormente, ainda há um agravante: o time não treina. Em uma semana completa de preparação são, praticamente, dois dias de folga, trabalho regenerativo, trabalho na academia e, se sobrar tempo, um mísero coletivo. E só. Comandado pelos auxiliares, ainda por cima. Nada de trabalho tático, nada de jogadas ensaiadas, nada de treinos técnicos. Nem os times da parte de cima da tabela trabalham tão pouco. O Grêmio, por exemplo, depois de uma boa vitória na quinta-feira passada, já estava treinando na sexta pela manhã. Já o Cruzeiro, depois de uma vexatória derrota na quinta, a delegação voltou a BH apenas na sexta à tarde, e no sábado apenas um trabalho recreativo. Isso para citar apenas um dos diversos exemplos.

O discurso também mudou ao longo do tempo. Para alguém que disse que o Cruzeiro brigaria pelo título na chegada, o ‘pofexô’ se mostra bastante pessimista quando diz que a torcida tem que sofrer com o time. E sinceramente, a gente já sabia de tudo isso. Foram poucos os que se enganaram com as vitórias seguidas sobre Flamengo, Atlético-MG e Vasco. O time continuava limitado, e isso não mudaria do dia para a noite, já que nem o melhor técnico do Brasil conseguiu tirar leite de pedra. A tentativa de ilusão por parte de Luxemburgo foi desmascarada pouco a pouco: “brigaremos pelo título”, “o G-4 é a nossa meta”, “as nossas chances são na Copa do Brasil”, “um jogo de cada vez” e agora “o momento do Cruzeiro é outro”. O mais irônico em tudo isso é que o próprio Luxemburgo, na sua apresentação, disse que a equipe deveria resgatar o espírito de bicampeão brasileiro. Incongruências.

Enquanto isso, a torcida cobra, e com razão. Durante a partida, não tem faltado apoio, mas não podemos (ou melhor, não vamos) nos acomodar e, simplesmente, passar a aceitar e aplaudir a equipe em um momento turbulento como este. Compreendemos as dificuldades, mas exigimos o mínimo de trabalho. Sem discursinhos, sem demagogia, sem carteado, sem churrasco com ex-jogadores.

Apenas trabalho.

Por: Pedro Henrique Paraíso