Duas torcidas no clássico? Basta ter critério…


Se os clássicos continuarem com torcida única, todos vão saber – ou já sabem – quem são os responsáveis, cada um com sua parcela de culpa.

Amigos leitores, desde os meus 10 ou 11 anos de idade tenho as primeiras lembranças de ir ao Mineirão ver o Cruzeiro jogar, estou acostumado a ver clássicos com duas torcidas.

Depois, quando já estava mais “velho” o esquema era quase sempre o mesmo – junta a turma de amigos, todo mundo com camisa do Cruzeiro, a gente entrava no Mineirão umas duas horas antes do jogo e ficava lá, tomando cerveja, comendo tropeiro, batendo papo e vendo o jogo.

Ao longo do tempo este “esquema” acabou sendo alterado. Primeiro, por causa da violência (quase nunca resolvida pela polícia) o recomendado era esconder a camisa do time e usar somente dentro do estádio – poderia aparecer um animal da torcida contrária e “arranjar confusão à toa”.

Em seguida, suspenderam a venda de cerveja dentro do Mineirão, alegando que “ia reduzir a violência”. Outra grande mentira, a polícia (olha ela aí de novo) só mudou o problema de local – aqueles torcedores que curtiam o esquema “amigos + futebol + cerveja + tropeiro” passaram a ficar mais tempo do lado de fora. O resultado, claro, é a confusão nas filas na hora de entrar, outro assunto que os policiais não resolvem.

Aí tivemos o Mineirão e o Independência fechados para obras, quase dois anos sem jogos em Belo Horizonte. Não tenho nada contra as cidades de Sete Lagoas, Varginha, Ipatinga e Uberlândia, cujos estádios receberam partidas. Também não tenho nada conta os torcedores destes locais, que são tão importantes como os da capital.

Entretanto, verdade seja dita, um time como o Cruzeiro merece um estádio à altura da sua grandeza – merece, acima de tudo, voltar para sua casa, merece retornar para o palco das principais conquistas do futebol mineiro, troféus estes que têm a cor azul.

E agora, quando estamos na “contagem regressiva” para o retorno ao Mineirão, estão querendo criar polêmica com a “a disputa do clássico com duas torcidas”?

Na minha opinião, não existe “polêmica”, existem responsáveis – ou seria “irresponsáveis” – que são os verdadeiros culpados por toda esta discussão inútil.

Pra começo de conversa – e não significa que ele é o “maior culpado” – temos o presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil, aquele que literalmente quis “bancar o esperto” fechando o tal contrato para mandar seus jogos no Independência.

Ele pode até estar cuidando dos interesses dele e do seu clube, o que é compreensível. Entretanto, em minha opinião, quando ele assinou o tal contrato, não se preocupou com a questão dos clássicos. Digo mais, para mim está claro, ele queria o clássico apenas com torcedores atleticanos quando for mandante, no melhor estilo “deixa o problema com os outros”.

Este presidente, entretanto, não é o único personagem. A Polícia Militar de Minas Gerais, que um dia já foi uma das melhores do Brasil, continua incompetente em seu dever de garantir a segurança dos torcedores que vão ao estádio. Clássicos no interior e no Independência com torcida única? É um verdadeiro atestado de falta de capacidade técnica e operacional.

Se num passado não muito distante as duas torcidas estavam no mesmo estádio, por que agora, com mais tecnologia e recursos técnicos, eles “não podem garantir a segurança de todos”? É esta mesma polícia que pretende garantir a realização de uma Copa do Mundo?

Neste “balaio de culpados” dá pra colocar também os políticos e governantes, não importa se é o Governador, o Prefeito, seus Secretários e seus muitos subsecretários, assessores, “aspones” e outros. Se estas pessoas têm (ou pelo menos deveriam ter) a função de garantir tratamento equilibrado a todos, independente de classe social ou preferência no futebol, eles jamais poderiam deixar a questão do “clássico com duas torcidas” chegar onde está.

Quando apenas o Cruzeiro ou o Atlético-MG estiverem “na mesa de negociação”, cada um negocia o que achar melhor para cada clube, quem for mais esperto ganha mais dinheiro. Quando se trata dos dois times atuando juntos, para garantir o espetáculo do Estado de Minas Gerais, as regras deveriam ser outras.

Se o critério mudar, se as questões acima forem superadas, os clássicos podem voltar à sua normalidade – duas torcidas, rivalidade, segurança e espetáculo acima de tudo.

Por outro lado, se nada mudar, espero apenas que Cruzeiro faça cumprir a mesma regra, o mesmo critério que está sendo adotado atualmente:

•    O presidente Alexandre Kalil negociou com o Independência para jogar o clássico em que for mandante apenas com sua torcida???
•    A Polícia Militar continua achando que não tem condições de garantir a segurança de duas torcidas em um mesmo estádio???
•    Os governantes não estão adotando ações visando garantir o espetáculo do clássico para todos os torcedores???

Então é simples, meus caros, no próximo dia 03 de fevereiro o mando de campo é nosso e o Mineirão só vai ter nossa torcida – no máximo reserva 10% dos ingressos para torcedores atleticanos – eles nem vão estranhar muito, afinal estão jogando num estádio que cabe apenas 20 mil pessoas.

Deixa o Cruzeiro, clube mais vencedor de Minas Gerais, receber a sua torcida, a maior do estado, de volta para sua casa, o Mineirão, palco de nossas principais conquistas. E o resto dos clubes, que continuem jogando em estádios menores que, aliás, são do tamanho da sua importância no futebol.

Abraços a todos.