Dossiê Fábio 2009: Críticas pela perda da Libertadores, apesar da temporada em alto nível


Adilson Batista continuava no comando celeste e o goleiro Fábio continuava uma ascensão incrível em sua carreira. Titular absoluto e pouco contestado, ajudou o Cruzeiro a ser campeão do “Torneio de Verão”, uma disputa amistosa feita durante a pré-temporada do Cruzeiro, contra os times do Nacional e Peñarol, do Uruguai e o arquirrival Atlético-MG. O goleiro ainda defendeu um pênalti na partida que valeu o troféu da competição. O Cruzeiro venceu o Atlético no primeiro jogo por 4 a 2 e o Nacional por 4 a 1 na final. 

No campeonato estadual o domínio do time celeste ficou ainda mais evidente. Dono do melhor ataque e da melhor defesa (31 gols feitos e somente 7 gols sofridos), o Cruzeiro passou sem problemas pela fase de mata-mata enfrentando Tupi e Ituiutaba e reeditando o clássico estadual na partida final. Fugindo dos padrões, o Cruzeiro fez no primeiro jogo o mesmo placar do ano anterior e aplicou uma goleada por 5 a 0, com Fábio novamente fazendo boas defesas. No segundo jogo da final, restou ao time administrar a vantagem feita e a partida terminou com o placar de 1 a 1. O Cruzeiro começou o ano de forma arrasadora, e, naquele momento, já conquistava seu segundo título.

Paralelamente à disputa do campeonato estadual, o Cruzeiro disputava a Libertadores. O time havia feito uma ótima fase de grupos, terminando em primeiro lugar e classificando para as oitavas-de-final contra a Universidad de Chile, posteriormente para as quartas-de-final contra o São Paulo – onde Fábio teve grande destaque nas partidas e ajudou o cruzeiro a vencer tanto no Mineirão, quanto no Morumbi, pelos placaras de 2 a 1 e 2 a 0, respectivamente –, passando também pela semifinal contra o Grêmio, e chegando à final da Libertadores, contra o Estudiantes de La Plata, da Argentina. O Cruzeiro já havia enfrentado os “Pinchas” na fase de grupo, vencendo um jogo por 3 a 0 em casa e perdendo outro, por 4 a 0, na partida de volta disputada em La Plata – ARG.

E foi na primeira partida da final da Libertadores que Fábio fez, provavelmente, seu melhor jogo pelo Cruzeiro. O goleiro foi o responsável direto por segurar o empate por 0 a 0 no estádio Ciudad de La Plata, defendendo de forma espetacular todas as investidas do Estudiantes, incluindo os perigosos chutes a longa distância do craque argentino Verón. E assim o Cruzeiro foi confiante para o jogo de volta em casa, quando tudo parecia bem encaminhado para mais um título.

Entretanto, apesar do Cruzeiro ter saído à frente no placar, Fábio não conseguiu interceptar dois cruzamentos na pequena área e a equipe argentina acabou ficando com o título. Para muitos, o arqueiro cinco estrelas poderia ter evitado a virada e garantido a conquista, o que aumentou as críticas e reacendeu o discurso de que Fábio não era um goleiro decisivo. O momento, aliás, foi de criticas pesadas a todo o time, jogadores como Ramires e Wágner foram os principais alvos, mas, ao contrário de outras vezes, Fábio não foi poupado e também foi incluído com uma parcela grande de culpa.

O camisa 1, no entanto, não se abateu e mostrou que 2009 seria uma de suas melhores temporadas: já no fim de semana seguinte da perda do título da Libertadores e com o Campeonato Brasileiro em andamento, Fábio, apesar da derrota para o Corinthians no Mineirão por 2 a 1, defendeu pênalti de Ronaldo ‘Fenômeno’ e segurou o quanto pode a pressão alvinegra, com um jogador a mais desde o primeiro tempo.

Há de se ressaltar, porém, que não se abater com a derrota na Liberadores, não foi mérito só de Fábio. Após a partida contra o Corinthians, a Raposa entrou na zona de rebaixamento, mas lá ficou por pouco tempo, conseguindo uma arrancada das mais espetaculares nos pontos corridos e alcançando uma vaga para a Libertadores de 2010 na última rodada.

Ao longo desta arrancada, Fábio fez grandes exibições, como na vitória por 1 a 0 sobre o Atlético-MG no 2º turno, fundamental para o chamado flanelation, o que consolidou os pedidos por boa parte da torcida e da imprensa para que o goleiro tivesse uma chance na seleção. Estes pedidos, porém, não seriam atendidos e Fábio ainda esperaria mais um bom tempo para ser convocado. E assim o campeonato terminou, com o Cruzeiro na 4ª posição, tendo feito 58 gols e sofridos 53.

Pênaltis: Durante todo o ano de 2009, Fábio defendeu três pênaltis, sendo eles: O primeiro na vitória por 4 a 1 contra o Nacional (Uruguai) durante a final do “Torneio de Verão”. O segundo na vitória por 2 a 0 contra o Flamengo, pelo campeonato Brasileiro, no qual o goleiro também defendeu o rebote na sequencia da cobrança. E o terceiro na derrota para o Corinthians por 2 a 1, em jogo válido pelo campeonato Brasileiro, batido pelo goleador Ronaldo Fenômeno.

Títulos: Torneio de Verão; Campeonato Mineiro.

Premiações: O goleiro recebeu as premiações de “Melhor Goleiro do Ano” do Troféu Guará, “Melhor Goleiro do Ano” do Troféu Telê Santana e “Melhor Goleiro do Campeonato Mineiro” pelo Troféu Globo Minas. O arqueiro ficou em 2º lugar, superando o melhor desempenho histórico ocorrido no ano anterior, na “Bola de Prata” da Revista Placar (Editora Abril) em parceria com a emissora ESPN Brasil, com nota média de 5,93 em 34 jogos – Victor (Grêmio) foi o vencedor com média de 6,04 em 28 jogos.

Opinião: O Fábio é um goleiro muito injustiçado. Mantem uma média boa de jogos há quase 10 anos. Eu o vejo como ídolo do Cruzeiro e o único motivo para ele ser contestado é pela falta de títulos importantes. Assim como o Marques no Atlético, a única coisa que o Fábio ganhou no Cruzeiro foi campeonato mineiro, falta algo de representatividade para que sua imagem saia dos limites de Minas Gerais. Hoje considero o Fábio um goleiro nota 9, e sua história como arqueiro do Cruzeiro fica abaixo apenas de Raul e Dida, pois esses dois ganharam praticamente tudo. Se o Fábio manter uma boa forma, vejo ele com a capacidade de ir para a seleção para a Copa de 2014, pois Felipão gosta de goleiros experientes e Fábio é sem dúvidas merecedor da posição.” (Jaeci Carvalho, apresentador da TV Alterosa)