Dossiê Fábio 2006: Herói do primeiro título com a camisa azul e ano dos primeiros prêmios individuais


O ano de 2006 começou e Fábio seguia titular, mantido pelo técnico PC Gusmão. Em grande estilo, o arqueiro foi o menos vazado em toda a primeira fase do estadual, tomando apenas 5 gols em 11  jogos. Na semifinal o Cruzeiro jogou bem e passou pelo arquirrival Atlético-MG, após um empate por 2 a 2 e uma vitória por 2 a 0, último jogo este que rendeu a Fábio diversos elogios pelas grandes defesas. E mais uma vez o time estrelado iria para a final do Campeonato mineiro contra o Ipatinga.

O time do interior era detentor da melhor campanha e jogava por dois empates para se sagrar bicampeão. O primeiro jogo, no Mineirão, terminou em 1 a 1 e foi marcante na ascensão do goleiro: uma das defesas mais bonitas e difíceis de sua carreira foi feita nessa partida, já no final do jogo – uma cabeçada a queima roupa, direcionada pra baixo, em que Fábio com brilhantismo mergulhou e impediu que o Ipatinga levasse uma vitória para o segundo jogo. E na segunda partida da final, o goleiro teve que se fechar no tempo complementar, pois o Cruzeiro havia feito 1 a 0 já no encerramento da primeira etapa. E assim o fez! É explícito que Fábio teve grande participação no seu primeiro título como titular do Cruzeiro. O de Campeão Mineiro de 2006.

O Campeonato Brasileiro começou e Fábio seguia em plena crescente. Nem mesmo a saída nas quartas-de-final da Copa do Brasil para o Fluminense havia abalado a confiança do goleiro. O time foi criticado como um todo após a derrota em casa por 3 a 2 para o tricolor carioca – jogo em que Fábio chegou a operar “milagres” – e não teve força para reverter o placar no Rio de Janeiro, registrado em 1 a 0 para o time da casa.

A equipe vinha crescendo de produção e chegou a ficar na liderança do Campeonato Brasileiro por quatro vezes (6ª, 7ª, 10ª e 11ª rodadas). Entretanto, nesse mesmo ano o campeonato foi interrompido para a Copa do Mundo disputada na Alemanha. Após o reinício do Brasileiro, o time perdeu a liderança para o São Paulo e não conseguiu apresentar o futebol que vinha jogando no período pré-Copa. A queda de rendimento, com o clube completando 8 jogos sem vencer, fez com que o técnico PC Gusmão fosse demitido. Naquele momento, a Raposa ocupava o 6º lugar na metade do campeonato e logo após a saída de PC, assumiu Oswaldo de Oliveira.

O treinador carioca manteve Fábio como seu titular e, dos jogos que comandou com a Raposa, em apenas três não usou o arqueiro, testando o goleiro Lauro, que havia chegado da Ponte Preta. O Cruzeiro fez um bom Brasileirão como mandante, perdendo apenas um jogo em casa, o que aumentou a moral do goleiro com a torcida no estádio. No entanto, a equipe foi muito inconstante como visitante, conseguindo poucos pontos fora de casa.

Ainda com a competição nacional em andamento, o Cruzeiro disputou a Copa Sul-Americana, na qual enfrentou o Santos. A equipe da Vila Belmiro venceu o primeiro jogo por 1 a 0 no estádio do Pacaembu. No segundo jogo, foi a vez da Raposa vencer pelo mesmo placar e levar a decisão para os pênaltis. O Santos se classificou, fazendo 4 a 3 na disputa das penalidades. Fábio não conseguiu defender nenhuma das cobranças e, nesse mesmo ano, começou a ser questionado, sendo considerado um goleiro que não sabia defender bolas paradas (tanto faltas quanto pênaltis). O exemplo mais frequente citado pelos críticos era a lembrança de que ele já havia levado dois gols do goleiro do São Paulo, Rogério Ceni, na mesma partida, duelo que terminou empatado por 2 a 2, em jogo válido pelo Campeonato Brasileiro.

No duelo seguinte à eliminação sofrida em casa, contra o Santos, Fábio se redimiu fazendo uma de suas melhores partidas. No jogo contra o Palmeiras, no Mineirão, o volante Martinez foi expulso, deixando o Cruzeiro com um homem a menos em campo. Fábio, porém, operou grandes defesas e estas asseguraram ao Cruzeiro a vitória pelo placar de 1 a 0. Por fim, com a inconstância de não perder em casa e não ganhar fora, o ano terminou. O Cruzeiro encerrou o Brasileirão na 10ª posição, com 52 gols feitos e 45 gols sofridos. Fábio, por sua vez, foi um dos únicos poupados no ano, após o declínio do time pós-Copa.

Pênaltis: Fábio defendeu seu segundo pênalti com a camisa do Cruzeiro nesse ano, na partida contra o Nacional-AM, jogo válido pela primeira fase da Copa do Brasil, em que o Cruzeiro venceu por 5 a 2, fora de casa.

Títulos: Campeonato Mineiro.

Premiações: O goleiro recebeu as premiações de “Melhor Goleiro do Ano” do Troféu Guará e “Melhor Goleiro do Ano” e “Melhor Jogador do Ano” do Troféu Telê Santana. Chegou a disputar a liderança do “Bola de Prata” da Revista Placar (Editora Abril), mas no fim acabou em 6º lugar com nota média de 5,83 em 36 jogos – Rogério Ceni (São Paulo) foi o vencedor com média de 6,05 em 29 jogos.

Opinião: “Um bom goleiro, que já passou de seu auge. Não conquistou grandes títulos pelo Cruzeiro, mas deve ter seu trabalho reconhecido. Marcado por falhas pontuais e nunca esquecidas pela torcida, como a Copa do Brasil de 2005. Acho que poderia descer do pedestal, reconhecer que não é o mesmo de dois ou três anos atrás e começar a assumir falhas, coisas que raramente faz.” (Daniel Hott, jornalista do portal O Tempo).