Desapega, cruzeirense!


A notícia do dia é seguramente a provável renovação do contrato de Dedé, por 2 anos, e da saída de Bruno Rodrigo, que após 4 anos no clube, não terá seu vínculo estendido. Nosso colaborador Luciano Batista até fez um texto, há uns 20 dias, apontando alguns motivos para que o “cabeça de míssil” não seguisse no plantel estrelado em 2017. E após ler uma série de reações de torcedores celestes nas redes sociais, venho corroborar com o texto do companheiro de site para lembrar uma coisa: cruzeirense, desapegue. O jogador atuar bem em 2013 não é motivo para ser utilizado em 2017.

Sim, o tempo passa para todo mundo. Bruno Rodrigo foi importante na montagem daquele time em 2013, inicialmente formando a dupla de zaga com Paulão Caveirão. Quando Dedé chegou, o encaixe da defesa beirou a perfeição. Um zagueiro agressivo, rápido, excepcional nos desarmes e coberturas, como Dedé, e outro mais sóbrio, tranquilo, forte e com bom posicionamento. Em 2014, as lesões começaram a atormentar o careca. Após um ótimo primeiro semestre, em que vale destacar os 4 gols em 9 jogos da Libertadores, o jogador se lesionou e ficou mais de 5 meses longe dos gramados.

Neste meio tempo, Manoel foi contratado, tendo impacto imediato. O defensor veio do Atlético-PR após ser considerado o melhor zagueiro do Brasileirão 2013. Outro concorrente se fortaleceu, Léo. Extremamente identificado com o torcedor cruzeirense, Léo virou titular em 2014 e fez um ano excepcional. Quando Bruno Rodrigo voltou, estava visivelmente abaixo dos três concorrentes. Jogou algumas partidas, sem brilhar e até comprometendo, como em um duelo com o Criciúma, em que deu um gol para Lucca. Felizmente, Ribeiro, Goulart e os blue caps conseguiram dar a volta na situação. Mas os erros do zagueiro se tornaram uma constante.

Em 2015, com Dedé operado, veio Paulo André para a concorrência. Bruno Rodrigo só atuou 3 vezes nos primeiros 4 meses do ano. Parecia ter perdido prestígio com Marcelo Oliveira e, quando entrava, seu nível exibicional não convencia. Com Luxemburgo, virou titular. Ser expulso por bobagem, na Copa do Brasil, contra o Palmeiras, surpreendentemente o fez ganhar prestígio com o pofexô. Mano Menezes o manteve no time. O companheiro era Manoel, que fez um 2015 brilhante como o líder de uma das melhores defesas do Brasileirão, mesmo com campanha ruim. Mas Bruno Rodrigo destoava. Até no emblemático clássico do canto interminável de “Zeiro”, entregou bisonhamente um gol para Lucas Pratto, que Fábio salvou.

Veio 2016 e as lesões ficaram no passado. Até agora, Bruno atuou em 51 partidas e marcou alguns gols importantes, como o da vitória no clássico no Independência, por 3 a 2, e um dos 4 na classificação na Copa do Brasil, contra o Corinthians. O problema é que o número de falhas defensivas que nos causaram gol é quase incalculável. Não vou dizer que fez corpo mole no período Paulo Bento, mas eu nunca o vi jogar tão mal quanto naqueles meses. Quando o time estava seguro, Bruno errava um recuo, fazia um pênalti, escorregava… É um dos responsáveis até por Bruno Viana ter saído do clube queimado. O experiente do time cometia erros infantis, destruindo qualquer confiança dos companheiros. A melhora com Mano não pode nos fazer esquecer de tudo o que aconteceu. Foi um desastre e contribuiu muito para mais um ano jogado no lixo.

Por fim, encerro o texto com uma frase do amigo Luciano, naquele artigo que citei no início. “Por mais que seja dolorido, temos que nos desapegar de jogadores que estiveram no elenco fantástico que conquistou dois campeonatos brasileiros seguidos. Tenho, pelo zagueiro, grande respeito e profunda gratidão por tudo que já fez por nós. Tenho certeza que marcou seu nome na história de um dos maiores clubes do mundo. Mas o Cruzeiro precisa seguir seu caminho, e creio que a produção do jogador já não é a mesma e não há perspectiva de grande melhora”. É isso. O tempo passou, o rendimento não é o mesmo e o clube não pode ficar refém de nenhum jogador pelo passado. Que seja feliz, Bruno Rodrigo Fenelon Palomo. Mas não em BH, não no Cruzeiro. Desapeguemos.

Por: Emerson Araujo