Defesa que ninguém passa


O trecho citado no título pertence ao hino de um outro Palestra. As referências ao time paulista acabam por aqui, pois o objetivo deste é analisar o bom rendimento da defensiva cruzeirense, que preocupava muito no início da temporada com a confirmação da cirurgia de Dedé, que o afastaria dos gramados por pelo menos seis meses, e das lesões de Manoel e Bruno Rodrigo, outras importantes alternativas para o setor.

Os amistosos reforçaram a desconfiança. Nos dois realizados, contra Londrina e Shakhtar Donetsk, a defesa foi vazada. Além da derrota para o time paranaense, o empate contra os ucranianos foi lucro, devido ao grande número de oportunidades criadas e desperdiçadas pelos adversários. Nos três primeiros jogos oficiais, pelo Campeonato Mineiro, duas vitórias e um empate. Mas novamente sofremos gols, o que mostrava que a dupla Léo e Bruno Rodrigo definitivamente não se acertava. O lateral direito Fabiano, que jogou improvisado no miolo defensivo, também pouco acrescentou.

Chegaram então mais dois nomes, Douglas Grolli (que ainda não estreou) e Paulo André. O ex-corinthiano veio com moral, já estreando um dia depois de ser liberado pela CBF e ostentando a faixa de capitão, devido a ausência de Fábio. Coincidência ou não, sofremos apenas um gol nos quatro jogos em que o experiente defensor atuou. E foi aquele gol em falha individual do Fábio, em um lance bizarro e que os zagueiros não tem a menor responsabilidade.

Verdade seja dita, se o Cruzeiro ainda pena para se acertar na criação, defensivamente as coisas parecem ir bem. Nas últimas seis partidas disputadas, apenas o já citado gol sofrido no clássico, com cinco jogos onde Fábio (ou Rafael) saíram incólumes. A presença de um volante mais ‘porradeiro’, como Willians também tem boa participação nessa fase. Léo vem jogando simples, e sempre que ele joga simples se mostra um bom valor, apesar da lentidão. Bruno Rodrigo não comprometeu contra o Villa e Manoel está de volta, para dar a vitalidade e a disputa por posição que um time de nossa envergadura tanto precisa.

O acerto do time é gradual, precisamos de mais testes e contra equipes de maior qualidade para afirmar que temos hoje uma zaga firme e consolidada. Uma vitória na próxima partida pela Libertadores contra o Mineros, na Venezuela, coloca tudo nos eixos e provavelmente nos dará a liderança da chave. A primeira posição no estadual também parece bem encaminhada e chegaremos ainda mais fortes para os duelos decisivos de mata-mata. Tudo cada vez mais azul na Toca 2, mas com paciência. Marcelo e sua comissão técnica já estão realizando seus milagres, mas tropeços ainda podem acontecer. E mesmo com as instabilidades, sempre é bom lembrar: ser Cruzeiro é bom demais.

Por: Emerson Araujo