Dedé: Lances de mito, lances inglórios


Dedé: Lances de mito, lances inglórios - Cruzeiro Esporte Clube - Fotos: Vipcomm

Recepção e apresentação de gala

Uh, é o Mito! Uh, é o Mito!

Assim gritávamos nós cruzeirenses, eufóricos, na recepção do craque que acabava de desembarcar, vindo do Vasco da Gama. Não faz tanto tempo assim que cerca de 3 mil torcedores alucinados com o CRUZEIRO, compareceu à Confins para a recepção do que era até então a maior contratação do Cruzeiro na temporada. A festa de boas-vindas foi bonita, a torcida que já estava empolgada, fez o mais novo zagueiro cruzeirense, também se empolgar. Logo após deixar o aeroporto lotado, a satisfação de Dedé foi compartilhada com a nova torcida por meio do seu twitter oficial. “Show”. Assim foi classificada a festa de recepção que ele ganhava, de uma torcida que o acolhia de braços abertos, esperando o zagueiro titular da Seleção Brasileira. O status de ótimo zagueiro e o apelido de Mito (este herdado do Vasco da Gama, sem nenhuma autoria da torcida cruzeirense, que sequer tinha visto ele jogar pelo nosso time Azul Estrelado), vieram na bagagem, e a expectativa era claro, muito grande.

Tamanha recepção e euforia dos cruzeirenses foi logo aproveitada pela diretoria. Como um dos planos para o grandioso projeto do Sócio do Futebol, que até hoje está a todo vapor, Dedé, logo após desembarcar, foi levado para se apresentar em um ambiente um tanto quanto inusitado. Um ônibus foi cedido pelo cruzeiro para

Dedé: Lances de mito, lances inglórios - Cruzeiro Esporte Clube - Fotos: Vipcomm

levar a imprensa, e após dar algumas voltas pela cidade, todos desembarcaram num supermercado. Sim, após fazer algumas compras, com o intuito de exaltar as vantagens do programa futebol melhor, Dedé fala pela primeira vez como jogador do Cruzeiro, agradece o presidente, mais uma vez os sócios do futebol e se diz orgulhoso de vestir a nova camisa 26.

#DedéVolvido, ou não

Mas o destino, ou acaso, ou qualquer coisa do tipo, ainda havia de pregar um susto na torcida cruzeirense. A Justiça Federal, atenta ao vai e vem do futebol, tratou logo de bloquear o pagamento do Cruzeiro a Vasco e os murmúrios da devolução do jogador, se propagam com facilidade incrível. A hashtag #DedeVolvido não demorou muito pra pegar entre os torcedores galináceos e assim foi até a resolução do caso.

Em campo, começo, falta de ritmo e escorregões

Tanta história pra contar e até então nenhuma apresentação em campo para a torcida cruzeirense. A chegada do zagueiro foi movimentada, tanto para o bem, quanto para o mal. Antes de fazer o seu primeiro jogo com a camisa cruzeirense, o zagueiro Dedé, ainda teve tempo de fazer uma partida no Mineirão com a Seleção Brasileira, sua última convocação, por sinal. O jogo foi ruim, mas a festa que faziam os torcedores tanto do Cruzeiro, quanto do Atlético, quando Réver ou Dedé pegavam na bola, foi um clássico a parte.

Eis que Dedé começa a fazer suas primeiras partidas pelo Cruzeiro, e aos poucos, vai pegando ritmo de jogo e recuperando a forma física. Suas atuações, até então não muito boas, eram desculpadas pela falta de entrosamento ou pelo pouco tempo no time. Esse panorama não durou muito tempo. Dedé não repetia suas melhores atuações no Vasco, e o zagueiro literalmente escorregava. Aconteceu em pelo menos três partidas, escorregões grotescos, aliadas à partidas não muito seguras.

Evolução, ainda que sem reconhecimento

Como o zagueiro não podia atuar pelo campeonato Mineiro, e fez apenas algumas partidas na Copa do Brasil, sua sequencia de jogos foi conseguida após o início do Campeonato Brasileiro. Demorou algum tempo, mas aos poucos, Dedé foi começando a pegar um ritmo e uma confiança um pouco maior. Bruno Rodrigo que faz um ano excepcional, ajudava o zagueiro e o “Mito” começava a se sentir mais à vontade. Anda falhava bastante, principalmente na saída de bola. Não era o Dedé do Vasco, talvez nem perto. Mas já era sem dúvidas, um bom zagueiro. A expectativa em cima do jogador, por todo o potencial que sabemos que ele tem, aliada às máquinas de escrever de toda a imprensa mineira, dava a imagem de um zagueiro fraco, sem o potencial que tem, o que não condizia com a realidade.

Com uma defesa sólida e um ataque fulminante, o Cruzeiro chegava à parte de cima da tabela com campeonato brasileiro e começava a se firmar como uma das equipes mais bem montadas do campeonato. Mas ainda tínhamos o “péssimo” Dedé. Mas para o Cruzeirense, estávamos ganhando, pouco importava.

Panorama atual: Um bom zagueiro, com falhas infantis

Hoje, após alguns meses de trabalho com os companheiros, Dedé já está mais que entrosado com todos do grupo. O ambiente do Cruzeiro me parece muito bom, a estrutura e tranquilidade para trabalhar é visível. O Dedé hoje, diferentemente dos últimos tempos de Vasco, tem todo um time que não é nem de longe dependente das atuações míticas do zagueiro. Não é nem um pouco raro ver o Dedé indo do céu ao inferno na mesma partida. Na verdade, é coisa mais que comum, nos últimos jogos, o Dedé ao meu ver, vem sim fazendo jogadas que lhe rendem o apelido, mas infelizmente, são jogadas isoladas, não constantes em todo bote ou toda puxada de contra-ataque.

Os pênaltis que Dedé cometeu contra Atlético-MG e Vitória(por mais que possa não ter sido pênalti), são o resumo das falhas que Dedé vem tendo. Lances infantis, que poderiam facilmente ser evitados, mas por falta de tranquilidade, psicológico, nervosismo, ansiedade ou qualquer outro problema, não vem sendo executados da maneira correta.

No último jogo, aconteceu o mesmo. Dedé foi bem em alguns lances, não perde nenhuma pelo alto, se jogou sem medo em um chute forte no ataque do Flamengo. A personalidade do zagueiro é um dos pontos que mais merece destaque. Não é um zagueiro comum, isso é visível. Sou extremamente grato aos ótimos trabalhos que vem sendo prestados por Bruno Rodrigo pelo Cruzeiro, mas se vê claramente, que é um bom jogador, nada a se destacar demais. Zagueiro de seleção, precisa ter personalidade como característica marcante. Vide Thiago Silva, David Luiz e até mesmo o Réver, jogadores que dão o bote sem medo, mordem, e quando ta na hora, saem para jogar sem medo de errar. Muitas das vezes não jogam com a seriedade que tem o Bruno Rodrigo, muita das vezes erram, pois são muito mais propícios aos erros, mas é assim que marcam seus nomes na história.

Futuro: Necessidade de evolução, potencial para seleção

O tempo vai passando e a Copa do Mundo vai chegando perto, e o Dedé, por sua vez, vai perdendo cada vez mais o seu espaço com o Felipão. Sinceramente, gosto dele como zagueiro do Cruzeiro. A tempos não tínhamos uma zaga tão boa como essa, mesmo com os erros infantis, que como disse, poderiam ser facilmente evitados. Mas, ele pode mais. Ele sabe disso, nós sabemos disso, o Marcelo Oliveira, espero que também saiba disso. O grande X da questão pra mim, em relação a ele enquanto jogador do Cruzeiro, é o alto investimento feito pelo Gilvan, para trazer o cara. É muito dinheiro para um jogador bom. Precisamos de um zagueiro diferenciado, um jogador que desperte sim, interesse dos grande clubes da Europa. Hoje, diferentemente da dinastia Perrela, isso não é mais um problema tão grande.

Espero muito, que o Dedé use toda sua força, personalidade e qualidade na bola aérea, para seguir com o Cruzeiro, na corrida rumo ao título. Temos tudo para isso, espero que como eu, como você e como toda a China Azul, Dedé também esteja #FechadoComOCruzeiro. Nossa Torcida, Nossa Força!