Cruzeiro lança remédio contra insônia


Suspendam a Maracujina e o Rivotril! O Cruzeiro lançou esta semana um remédio infalível contra insônia: é o DVD com a partida da última quarta-feira contra o Deportivo Quito, jogo válido pela segunda rodada da Copa Libertadores, em Quito, no Equador.  O jogo, que foi a coisa mais bizonha que assisti no ano, promete fazer dormir até os mais agitados. Eu só resisti até boa parte do segundo tempo porque toda hora que cochilava vendo aquela apresentação ridícula  , uma engraçadinha que via o jogo na mesma sala que eu falava “Nóoooo…” ou então ‘Nú! Que lance!”. Eu levantava assustado, pra ver o que acontecia e tinha que ficar ouvindo gargalhadas abafadas. Ou seja: dentro e fora do campo, o Cruzeiro só me deu prejuízo.

Pra quem não viu o jogo e fez muito bem em beber, rezar ou aprender ponto cruz com a sogra, basta saber que o jogo terminou em 1 a 1. O resto dá azia, dor de cabeça e tremenda sonolência. O Cruzeiro saiu na frente e cedeu o empate aos 46min do segundo tempo. Começou com 11 jogadores e terminou com nove. Esses parecem ser ingredientes de uma partida corrida, disputada. Mas foi tudo ao contrário. Os equatorianos catimbaram quase tanto quanto os argentinos do Estudiantes e, pra piorar, Wellington Paulista e Fabrício entraram no joguinho sujo e acabaram expulsos. Do lado deles, o zagueiro Luis Checa também foi expulso, mas isso não impediu que o Deportivo Quito continuasse detonando o time Celeste de todas as formas possíveis.

Nem a pancadaria que rolou durante todo o jogo foi capaz de tornar a partida mais emocionante. O Cruzeiro se apresentou mais perto do céu mas jogou feio como o capeta. Algumas curiosidades: Quem se lembra de Richard Dean Anderson, o MacGyver, de “Profissão: Perigo”? Depois do fim da série, ele virou técnico do Deportivo Quito. Quaisquer semelhanças com o cantor Roberto Carlos também serão meras coincidências. Mas quem transformou a partida em um episódio de “Profissão Perigo” foram os atletas.

Dizem que Luis Checa, expulso no começo do segundo tempo depois de dar uma voadora em Thiago Ribeiro, foi sondado depois do jogo por um olheiro da Associação de Vale Tudo das Américas. Se o Deportivo realmente for para os cafundós de Quito, Checa certamente continuará com sua carreira de atleta. Desta vez, nos ringues.

O único gol do Cruzeiro aconteceu ainda no primeiro tempo e veio de quem já se esperava: Ramires! Aos 38min, Wagner cruzou da esquerda e Ramires, na direita, abriu o placar, de cabeça. Ainda assim o Cruzeiro continuou errando passes, jogando com cautela excessiva e deixando que o Deportivo Quito, desesperado, chegasse ao gol.

Wellington Paulista, expulso aos 42min, saiu empurrado de campo por um equatoriano e disse não saber porque aquilo havia acontecido. Só não sugiro a ele que assista a partida porque não sei se vai conseguir passar dos dez primeiros minutos de jogo.

Aos 46min do primeiro tempo, Daniel Mina quase marcou de peixinho. Aliás, se os equatorianos tivessem furado a greve antes e tivessem treinado um pouco mais, teriam vencido. Mas ninguém merece treinar sem receber dois meses de salário, né?! Eu apóio a greve dos companheiros equatorianos!! Acontece que os companheiros cruzaram as pernas mas esqueceram de cruzar os braços. Resultado disso? Um tenebroso jogo de futebol e uma ótima luta de boxe. O que é isso, companheiros? Somos brasileños! Somos amigos, muy amigos!

A diferença do segundo tempo para o primeiro? Fácil responder. O jogo piorou! É como dizem: nada é tão ruim que não possa piorar. E para provar a tese, Fabrício foi expulso logo aos 20min.

Depois de muita pressão e de resistir com nove jogadores, o Cruzeiro tomou o gol de empate, aos 46min. Caicedo cabeceou no canto esquerdo de Fábio e fechou o placar.

Aproveito para lançar uma enquete: por que o Cruzeiro tem jogado tão mal na Libertadores contra adversários tão fracos? E não me venham com essa história de que todo mundo que disputa a Libertadores é especial! A dúvida continua. E as melhores respostas ganharão um pacote de café extraforte para assistir a próxima partida, contra o Universitario, em Sucre, na Bolívia. Pelo andar da carruagem, vai ser preciso.