Copa do Brasil 2003


O ano de 2003 foi o mais glorioso de toda a história do Cruzeiro. O time conseguiu um aproveitamento fantástico durante a temporada: em 71 partidas oficiais, foram 50 vitórias, 13 empates e apenas 8 derrotas, o que gerou um aproveitamento superior a 76%. Das quatro competições que a Raposa disputou, conseguiu levar três canecos para a sala de troféus. Foram o Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro, sendo que os dois primeiros foram conquistados de forma invicta.

Foto: Divulgação/InternetDestacando a Copa do Brasil, foi o 4º título do Cruzeiro no torneio, que novamente se igualou ao Grêmio como maior campeão da história da competição. Vamos relembrar como foi a trajetória da Raposa, que conseguiu jogar um excelente futebol, encantando todo o país em mais uma conquista.

Fases iniciais

O Cruzeiro estreou na competição contra o Rio Branco do Espírito Santo, no dia 19 de fevereiro de 2003. Caso o clube mineiro vencesse por dois ou mais gols de diferença, o jogo de volta seria eliminado e a Raposa avançaria à fase seguinte automaticamente. O jogo foi realizado em Cachoeiro de Itapemirim, no Estádio Mário Monteiro. O Cruzeiro levou a melhor e venceu pela diferença mínima para anular o segundo jogo – 4 a 2 – com gols de Alex, Marcelo Batatais, Maurinho e Nem (contra). Jaílson e Erich descontaram para os capixabas. Cruzeiro classificado para a segunda fase.

O segundo duelo do time celeste na Copa do Brasil foi contra o Corinthians de Caicó (RN). Novamente havia a regra de que vitória por dois gols ou mais na casa do adversário dava vaga direta na fase seguinte. Só que o Cruzeiro encontrou dificuldades na primeira partida. Os potiguares conseguiram dificultar o jogo e deram muita pressão à esquadra azul, que só conseguiu levar um empate para Belo Horizonte, por 2 a 2. Os gols do Cruzeiro foram marcados por Irineu e Aristizábal; enquanto Júnior Bahia e Neto anotaram os tentos do Corinthians/RN.

Na partida de volta, no dia 2 de abril, o Cruzeiro não teve piedade do Corinthians/RN e aplicou uma expressiva goleada: 7 a 0, com grande exibição de Deivid e Alex. O primeiro marcou por três vezes, enquanto o segundo anotou dois tentos. Edu Dracena e Thiago fecharam a conta e o Cruzeiro despachou a equipe corintiana com muita facilidade. O público presente naquela ocasião foi pequeno, cerca de 5 mil torcedores. Mal sabiam que no decorrer da competição, o estádio iria encher muito mais e ficar quase que em sua lotação máxima, devido ao show que o Cruzeiro daria em seus jogos.

Cruzeiro começa a surgir como favorito

Não havia dúvidas de que o Cruzeiro estava praticando o melhor futebol entre todos os grandes times do Brasil. Muita gente tentava colocar o Santos mais acima, até mesmo por o time paulista ter jogado a Libertadores daquele ano. Mas analisando friamente, o Cruzeiro encantava mais. O clube já havia conquistado o Campeonato Mineiro de forma invicta (10 vitórias e 2 empates), exibindo um grande futebol. E entrava de vez como favorito à Copa do Brasil.

Nas oitavas de final, o Cruzeiro enfrentou o Vila Nova/GO. Na primeira partida venceu bem, por 2 a 0, no Mineirão, com gols de Thiago e Deivid. O time ganhou o jogo sem sofrer gols, o que era de suma importância nas fases seguintes, pois os tentos marcados na casa do adversário serviam como critério de desempate. Mas o Cruzeiro não precisou do tal critério para se classificar.

No jogo da volta, em 30 de abril, o time celeste venceu de novo, dessa vez pelo placar de 2 a 1. Sandro e Aristizábal marcaram os gols do Cruzeiro, enquanto Moisés descontou para o Vila Nova. Mais um adversário superado, mais uma batalha vencida.

Cruzeiro e Vasco fizeram um dos duelos das quartas de final. Eram velhos conhecidos em mata-matas, pois já haviam se enfrentado em outros de várias competições, como na própria Copa do Brasil, Libertadores e Campeonato Brasileiro. Um verdadeiro clássico, que já foi decisão de Campeonato Nacional (com os vascaínos levando a taça, em 1974).

Novamente o Cruzeiro fez o primeiro jogo em casa. Teve dificuldades, mas conseguiu passar por cima da equipe cruzmaltina. Venceu por 2 a 1 com gols de Alex e Aristizábal, com Marques marcando o valioso gol de honra da equipe do Vasco.

Na partida de volta, o Cruzeiro dominou o primeiro tempo, e fez o primeiro gol com Alex. Mas na segunda etapa, o Vasco chegou ao empate com gol marcado pelo atacante Souza e pressionou até o final do jogo. O goleiro Gomes fez grande partida, evitando que os cariocas levassem o jogo para os pênaltis e dando a classificação ao clube mineiro para as semifinais.

O Goiás foi o adversário do Cruzeiro na semifinal. Um jogo complicado, pois a equipe esmeraldina costumava aprontar nos jogos contra a Raposa. Mas os mineiros não deram colher de chá e venceram o primeiro jogo em pleno Serra Dourada, por 3 a 2, com gols de Deivid (2) e Aristizábal. Para o Goiás, marcaram Araújo e Dimba. O Cruzeiro foi para Belo Horizonte com um excelente resultado, podendo até perder por 1 gol de diferença, desde que o Goiás não marcasse três ou mais gols.

Em Belo Horizonte, cerca de 24 mil pagantes foram ao Mineirão para empurrar o Cruzeiro rumo à final. Mas o Goiás assustou. Fez o primeiro gol da partida com o volante Auecione, ainda no primeiro tempo. E ainda teve um gol anulado, que poderia complicar mais ainda a situação do Cruzeiro. Mas na segunda etapa, brilhou a estrela do cearense Mota, que havia entrado no lugar de Aristizábal. Ele aproveitou a sobra de bola dentro da área para mandar para o fundo do gol e deixar tudo empatado – 1 a 1. Para completar a festa, o Cruzeiro desempatou com um golaço do volante Augusto Recife. Ele percebeu que o goleiro estava adiantado, e bateu de fora da área, por cobertura, para marcar o gol da vitória dos mineiros e carimbar o passaporte para a quinta final de Copa do Brasil da história da Raposa.

Final eletrizante

Dois grandes times do futebol brasileiro. Um conhecido por ser um dos maiores papa-canecos do futebol brasileiro. O outro, pela sua imensa torcida espalhada por todos os cantos do Brasil. Cruzeiro e Flamengo fizeram a grande final da Copa do Brasil de 2003. Tanto o jogo de ida no Maracanã quanto o da volta no Mineirão receberam um excelente público. Na primeira partida, realizada no Rio de Janeiro, mais de 72 mil pessoas pagaram ingresso para assistir ao jogo. Já no segundo duelo, em Belo Horizonte, o público ultrapassou a marca de 79 mil pagantes. Números à altura dessa grande final.

O Flamengo jogou a primeira em casa. Empurrado por sua torcida, o time rubro-negro tinha a necessidade de abrir uma boa vantagem contra o Cruzeiro, para chegar com mais tranqüilidade no segundo jogo da decisão, em Belo Horizonte.

Mas o que se viu, foi um Cruzeiro levando mais perigo durante a maior parte do jogo. A Raposa fez 1 a 0 aos 30 minutos da segunda etapa, com um golaço do meia Alex. A jogada começou com Deivid, que tabelou com Maurinho e foi à linha de fundo. No cruzamento rasteiro, Alex se antecipou ao defensor flamenguista e mandou de letra para o fundo do gol, Cruzeiro um a zero.

O time celeste administrava bem, e quando a partida se encaminhava para o final, o Flamengo conseguiu empatar com gol de Fernando Baiano, aos 48 minutos do segundo tempo. Ducha de água fria para os cruzeirenses e esperança para os flamenguistas.

http://www.youtube.com/watch?v=gYzJvEL41Eg
(vídeo do golaço de Alex)

Três dias depois, numa quarta-feira no dia 8 de junho de 2003, Belo Horizonte parou para receber a final. O Mineirão ficou completamente lotado. E o Cruzeiro começou o jogo em cima. Abriu o placar logo no primeiro minuto, com Deivid. Ele recebeu cruzamento perfeito de Alex e apenas teve o trabalho de escorar de cabeça, para o fundo das redes. Júlio César ficou estático, sem reação. Cruzeiro na frente!

E o segundo gol não demorou. Novamente em jogada ensaiada, Alex fez mais um lançamento para a grande área. Aristizábal saltou para trás, e conseguiu alcançar a bola. Um verdadeiro chute com a cabeça, sem chances para o goleiro do Flamengo. Início fantástico do Cruzeiro na partida. A torcida começava a entoar gritos de “é campeão” na arquibancada, fazendo muito barulho.

O Flamengo ficou assustado. Teve de abrir o time para tentar alguma reação, o que era quase impossível, pois o Cruzeiro não dava espaços. E o time mineiro chegou ao terceiro gol, aos 28 minutos do primeiro tempo, com outra jogada semelhante a dos outros gols. Dessa vez, Alex cruzou do lado direito, e Luisão subiu sozinho, sem marcação, para marcar o terceiro gol de cabeça da equipe no jogo.

O Cruzeiro liquidou a fatura ainda no primeiro tempo. Todos os gols, saindo dos pés de Alex, com cruzamentos perfeitos e precisos. E a Raposa poderia ter feito mais gols na segunda etapa, mas esbarrou nas defesas do goleiro Júlio César, que conseguiu evitar uma placar mais elástico. O Flamengo ainda diminuiu com Fernando Baiano, aos 18 minutos da etapa complementar, mas de nada adiantou. O Cruzeiro foi novamente campeão. Carimbava seu passaporte para a Libertadores da América de 2004 com grande estilo. Despertava elogios de toda a imprensa brasileira, e entrava como grande favorito à conquista do Campeonato Brasileiro daquele ano, fato que se consumou no fim da temporada. A Copa do Brasil de 2003 foi o segundo passo para a conquista da Tríplice Coroa, feito que somente o Cruzeiro conseguiu aqui no Brasil.

Ficha Técnica da Partida

Cruzeiro 3 x 1 Flamengo – 11 de junho de 2003
Final da Copa do Brasil de 2003 – Jogo de volta
Estádio: Mineirão – Belo Horizonte
Público: 79.614 pagantes
Renda: R$ 700.626,00
Árbitro: Paulo César de Oliveira (FIFA/SP)

Cruzeiro: Gomes; Maurinho, Gladstone, Luisão e Leandro; Augusto Recife, Jardel, Wendell (Marcinho) e Alex (Sandro); Aristizábal (Mota) e Deivid. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.

Flamengo: Júlio César; Luciano Baiano, Fernando, André Bahia e Athirson; André Gomes (Igor), Fabinho, Fábio Baiano (Jean) e Felipe; Edílson e Fernando Baiano. Técnico: Nelsinho Baptista.

Todos os jogos

19-02-03 – Rio Branco/ES 2×4 Cruzeiro – Estádio Mário Monteiro, Cachoeiro de Itapemirim/ES
26-03-03 – Corinthians/RN 2×2 Cruzeiro – Estádio Senador Dinarte Martins, Caicó/RN
02-04-03 – Cruzeiro 7×0 Corinthians/RN – Mineirão, Belo Horizonte/MG
23-04-03 – Cruzeiro 2×0 Vila Nova/GO – Mineirão, Belo Horizonte/MG
30-04-03 – Vila Nova/GO 1×2 Cruzeiro – Serra Dourada, Goiânia/GO
07-05-03 – Cruzeiro 2×1 Vasco da Gama – Mineirão, Belo Horizonte/MG
14-05-03 – Vasco da Gama 1×1 Cruzeiro – São Januário, Rio de Janeiro/RJ
21-05-03 – Goiás 2×3 Cruzeiro – Serra Dourada, Goiânia/GO
28-05-03 – Cruzeiro 2×1 Goiás – Mineirão, Belo Horizonte/MG
08-06-03 – Flamengo 1×1 Cruzeiro – Maracanã, Rio de Janeiro/RJ
11-06-03 – Cruzeiro 3×1 Flamengo – Mineirão, Belo Horizonte/MG

Retrospecto do Cruzeiro na competição:

8 vitórias, 3 empates e nenhuma derrota
29 gols marcados e 12 gols sofridos
Artilheiro do Cruzeiro: Deivid, com 7 gols.

http://www.youtube.com/watch?v=64KgvwLSy-A
Cruzeiro 3×1 Flamengo – matéria do Globo Esporte do dia 12-06-03

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Rafael Laerte Mendes Arruda (@rafaelfeto), é natural de Esmeraldas-MG, tem 18 anos,estudante de Jornalismo do Uni-BH. É fanático por futebol desde a sua infância, quando aos 3 anos de idade, ganhou sua primeira camisa do Cruzeiro, presenteada por seu pai. Desde então, Rafael tornou se um apaixonado pelo clube, frequentando quase todas as partidas no Mineirão. Já esteve presente em vários estádios, como Morumbi, Arena da Baixada, Pacaembu, Engenhão, sempre acompanhando o Cruzeiro aonde for.