Como será o 2016 do Cruzeiro?


A temporada praticamente acabou para o Cruzeiro. Particularmente, discordo bastante de como tem sido a semana na Toca da Raposa II, pois mesmo que não existam mais chances de ir para a próxima Libertadores, ainda há muito o que disputar no Brasileirão.

A briga pelo 5° lugar, que valeria vaga direta nas oitavas-de-final da Copa do Brasil, mais pontos no ranking da CBF (que define os cabeças-de-chave na Copa do Brasil e na Primeira Liga) e mais 1 milhão de reais em premiação (2,2 milhões para o 5° colocado e 1,2 milhões para o 8°), vem sendo negligenciada no clube, que já antecipou a saída de quatro jogadores (Ceará, Charles, Júlio Baptista e Leandro Damião) e que vive uma novela com o interesse do futebol chinês pelo trabalho de Mano Menezes.

Domingo, portanto, torcerei para que as metas esportivas do parágrafo acima sejam alcançadas no confronto contra o Internacional. Mas a semana ainda exige que falemos de outra situação. Como será o 2016 do Cruzeiro?

Existe motivo para otimismo! A diretoria, ao longo do ano, ganhou profissionais qualificados, como o diretor de futebol Thiago Scuro, e Gilvan agora é cercado por pessoas comprometidas com o clube, como o vice-presidente Bruno Vicintin e o superintendente Sérgio Rodrigues. A filosofia de Thiago, aliás, é adequada ao cenário do Cruzeiro, com cotas de TV inferiores às do Eixo e à primeira temporada do Profut, programa que limitará os gastos do clube. O diretor frequentemente diz que o segredo no futebol é minimizar o erro. Convenhamos, em uma temporada que contratou Riascos, Seymour e companhia, o que o Cruzeiro mais fez foi errar. 2016 já nasce diferente.

A parte chata do texto, contudo, é lembrar também das dificuldades. E elas passam justamente por um dos pilares da recuperação do time no último trimestre: Mano Menezes.

A saída do treinador preocupa, é fato. Mano está prestes a repetir o que fez com o Grêmio em 2007, o Cruzeiro na virada de 2007 para 2008 e com o Flamengo em 2014. Pular fora do barco! É direito do treinador buscar uma proposta melhor e ele tem razão quando fala que não existe estabilidade no futebol brasileiro.

A lembrança de Marcelo Oliveira, bicampeão brasileiro pelo clube e demitido após 4 meses de temporada (primeiro jogo oficial do Cruzeiro no ano foi em 01 de Fevereiro) mostra que é difícil acreditar que as diretorias acreditam plenamente nos projetos dos seus treinadores. Por outro lado, a multa milionária (privilégio que nem Marcelo nem Luxemburgo tiveram) mostrou um grau maior de comprometimento da direção celeste com seu projeto (ou uma boa garantia financeira caso mudassem de ideia). De nada adiantou.

Sem Mano, a reformulação do elenco fica parcialmente comprometida. O novo Cruzeiro passaria também por suas indicações e pensamentos. O novo comandante poderia, por exemplo, ver valor nos dispensados da semana que o atual treinador achou por bem não contar em 2016. Fora a lista de negociáveis, guardada a sete-chaves pela diretoria, e contratações engatilhadas que ainda não foram reveladas.

O 2016 do Cruzeiro passa agora, portanto, por uma rápida definição de quem será o técnico na temporada. O medo de uma escolha atrapalhada, como foi a de Luxemburgo, que qualquer pessoa minimamente antenada com futebol teria evitado, é menor com a profissionalização da diretoria. Mas o receio da indefinição incomoda.

Tem jogo domingo. Vale a 5ª colocação e seus benefícios. Só que esta semana deixa difícil não ficar com a interrogação na cabeça. O que será de 2016?

Por: João Henrique Castro