Com o pé direito


No início do Campeonato Brasileiro o Cruzeiro era um dos fortes candidatos ao rebaixamento. A equipe celeste passou por uma série de conturbações, acompanhadas por uma forte limpeza e renovação do elenco. Após a saída de Vágner Mancini, Celso Roth, aos poucos, foi colocando ordem na casa, a fim de que o time se reerguesse e os jogadores, unidos, honrassem o manto sagrado. Porém, as coisas não ocorreram como o torcedor esperava.

A Raposa estonteantemente oscilou no primeiro turno e obteve dificuldades de manter um equilíbrio dentro de campo. Teve que lidar com problemas físicos de alguns jogadores, o que provocou uma dança das cadeiras na titularidade do time.

Após sofrer uma goleada para o Coritiba, o Cruzeiro – na última rodada da primeira fase do campeonato – conseguiu, nos acréscimos do segundo tempo, um empate com seu arquirrival, Atlético-MG. O placar final do clássico foi uma surpresa para todos, sobretudo, para o outro lado da lagoa – que, alegremente, já soltava fogos comemorando a vitória nos últimos minutos.

Uma das coisas mais motivadoras para uma equipe é empatar um clássico com gostinho de vitória. O resultado de domingo colocou um ar de raça na Toca da Raposa II, levando o time a acreditar e se empenhar na conquista de uma vaga para Copa Libertadores.

A consequência de toda essa motivação foi a chegada da equipe celeste no segundo turno do Brasileiro com o pé direito. Venceu o Dragão fora de casa, por um placar de 2 a 0. A equipe pegou o embalo do bom rendimento obtido na partida contra o Atlético-MG, e começou essa nova etapa já na briga por um espaço no G4.

Nitidamente, o entrosamento do time estrelado foi o fator responsável pela vitória. Entretanto, depois de um pequeno sufoco logo no início do jogo, Roth compreendeu que era preciso um sistema ofensivo. A partir daí, saiu o primeiro gol da partida, aos 23 minutos, feito pelo atacante Borges, que aproveitou a cobrança de escanteio de Montillo. O camisa nove conquistou seu sexto gol com a camisa celeste em dez jogos.

O segundo gol veio através de uma excelente jogada individual de Tinga. O volante, ao entrar na área, foi derrubado por Dodó e o arbitro, sem titubear, marcou o pênalti para o Cruzeiro. A cobrança foi feita por Wellington Paulista – que havia acabado de entrar em campo – e, com tranquilidade, chutou a bola para o fundo das redes do goleiro Márcio.

Curiosamente, o centroavante comemorou o gol de maneira discreta. Após várias polêmicas, envolvendo até mesmo reclamações em uma rede social, Wellington não tem direito nenhum de estar insatisfeito com a torcida e com o banco de reservas. Um atleta desprovido de habilidades, que recebe o título de jogador mais violento do primeiro turno e é o artilheiro da temporada com 95% de cobranças de pênaltis, não tem o que reclamar. Celso Roth é até bastante generoso em colocá-lo em algumas partidas.

Uma forte observação, também no ataque, vai para o bom retorno de Wallyson. Está conseguindo fazer uma boa sequência de jogos e, assim, conquistando uma vaga entre os titulares. É evidente que Roth também tem méritos nesse feito, visando o fato de que foi ele quem acreditou e deu essa oportunidade ao jogador.

Partindo para o meio de campo, venho destacar a sacada de Lucas Silva do time titular. Foi uma verdadeira sacanagem o que o treinador fez com o garoto. Sacar o jovem do time para colocar Sandro Silva, que nada jogou, foi uma tremenda tolice. Não se deve tirar da equipe um jogador que está em bom momento.

Felizmente, esse grande erro do técnico não prejudicou, de certa forma, o rendimento do Cruzeiro. Porém, poderíamos ter feito até uma goleada sobre o Atlético-GO, caso Lucas Silva estivesse ao lado de Charles, Tinga e Montillo.

Já pelas laterais e pela zaga, embora não tenhamos tomado gol, é preciso ajustar certos deslizes na defesa. O goleiro Fábio teve que trabalhar bastante em alguns momentos, por causa da falta de atenção de alguns jogadores. Ofensivamente tiveram uma boa atuação, com destaques para Léo e Everton.

Se o desempenho da equipe melhorar terá êxito no restante do campeonato, acredito que não passaremos muito sufoco e, quem sabe, terminaremos de maneira honrosa. A união dos jogadores é fundamental. O Cruzeiro precisa manter esse bom ritmo para conseguir os seis pontos diante do Náutico e do Botafogo.

Além disso, precisamos de um enorme apoio da torcida celeste. Não é hora de protestos e vaias. Objetos no campo também não são bem vindos nesse momento, como em qualquer outro. Isso é coisa de torcida mal educada e vândala. Se tiver que jogar algo, que seja o grito de apoio de dentro da garganta para todo estádio.
Com o incentivo da torcida, os jogadores ficarão inflamados e terão uma responsabilidade maior ainda ao sentir o peso do amor de um cruzeirense para com o clube, uma nação formada por mais de oito milhões de torcedores. Portanto, rumo ao G4 . Foto: Carlos Costa/Futura Press

Lembrando que continua a campanha pelo jogo de despedida de Marcelo Ramos. Clique e assine a petição!