Falso 9? Não, obrigado. Nós temos Ramon Ábila!


O gol é a obra-prima do futebol. Dentro do esporte, poucos têm o dom de conhecer tão bem o caminho que leva milhões de torcedores à maior euforia possível, como o bom e velho centroavante. Em tempos que o esporte bretão “chuteira preta” vive uma rivalidade com o malfadado futebol moderno, surge e se populariza a figura do “falso 9”. E, com isso, cada vez mais desaparece a figura do típico centroavante: raçudo, forte, impetuoso e goleador. Aquele cara que, em resumo, veste e nos faz admirar a competência de um verdadeiro camisa 9.

No Cruzeiro de Mano, não fugimos desta modernidade em sua primeira passagem. Entretanto, esta tendência parece ter ficado para trás atualmente, como prova a troca de Willian por um certo argentino que veste a camisa 50. Vale destacar que o “Bigode” teve ótima participação no plano de jogo da equipe em 2015, cumprindo bem sua função quando necessário. Mas conhecemos o jogador, sabemos de seus limites, suas intermitentes fases ruins e sua propensão a viver de lampejos. Agora sim podemos contar com um típico goleador, o argentino Ramon Ábila.

Estamos todos muito animados com seu início de trajetória com o manto azul. Apelidado, ainda na Argentina, de Wanchope – que foi um excelente centroavante costarriquenho –  tem feito os gols que tanto nos fizeram falta no primeiro semestre de 2016. É impossível não projetar que poderíamos ter vivido um início de ano muito melhor, lutando de forma real pelos títulos do Mineiro e da Primeira Liga. Era nítido que precisávamos de um artilheiro, o que só apareceu agora. Aprendemos, da forma mais dolorosa possível, que de nada adianta bola na área sem o atacante para mandar para o fundo da rede.

Não usarei como argumento os excelentes números de Ábila até então, o que destaco é a raça e vontade demonstrada pelo argentino. Não há bola perdida. Sua presença deu nova cara ao setor ofensivo do Cruzeiro e, com isso, nos tirou da incômoda zona que nunca nos pertenceu. Seus companheiros tem cada vez mais confiança em arriscar as jogadas, buscar tabelas e criar ocasiões. Afinal, existe um especialista ali na frente apto para fazer o que for necessário para estufar as redes e explodir a festa da torcida.

A esperança é de que ocorra novamente o que aconteceu em 2015, e possamos conquistar uma boa sequência de vitórias, para – quem sabe – podermos sonhar novamente com uma vaguinha na Libertadores. Talvez esteja sendo ousado no desejo, mas como cruzeirense, sou acostumado a grandes disputas e conquistas. Não posso almejar objetivos menores. Com Ábila cumprindo sua função, os gols saindo, o time se acertando e as vitórias aparecendo, tenho certeza que algo de bom nos aguarda no final deste Brasileiro.

Por: Victor Paixão

Foto: Reprodução / Sportv