Chegadas e partidas


Dezembro é aquele mês encardido para os amantes do futebol brasileiro. As férias dos atletas causam a falta de jogos no período e isso já seria suficientemente triste. Mas como desgraça pouca é bobagem, o período acaba reservado para as especulações de transferências, muito motivadas pela falta de pautas da nossa imprensa esportiva. Abrem-se as portas da boataria e o clima se torna quase insustentável. A ausência de fatos cria uma enxurrada de opiniões, muitas vezes, absolutamente dispensáveis, até pelo nível questionável dos nomes que habitam os grandes veículos da mídia mineira.

Para quem não entendeu, o título deste texto faz referência à música Encontros e Despedidas, que lembra em um de seus versos que “o trem que chega é o mesmo trem da partida”. Adaptando para o futebol, não adianta esperar grandes contratações de um clube que ostenta uma folha salarial muito vultuosa e possuía, até o início de dezembro, 78 jogadores profissionais sob contrato. É necessário realizar cortes, ajustar as coisas e arrumar a casa antes de trazer reforços. Estes virão em número baixo e espero que a filosofia de Scuro seja seguida a regra. Vivemos uma era em que a tecnologia permite conhecer minuciosamente os jogadores antes de assinar o contrato, não podemos seguir no amadorismo de trazer a patota de cada treinador, como aconteceu na sombria ‘era Luxa’.

Não discordo de nenhum dos atletas dispensados até o momento, nem mesmo Ceará, disparadamente o mais querido. Futebol profissional não é filantropia, favor nem nada do tipo. É rendimento, qualidade, constância. O camisa 2 é um cara a quem nutro extremo respeito, mas que fisicamente não dava segurança alguma de que não fosse lesionar na terceira partida do Mineiro e ficar fora até junho, por exemplo. Racionalizar é preciso. Dagoberto, Charles, Julio Baptista, Leandro Damião, Seymour, Pedro Ken e Ananias são elementos que já foram tarde. Os jovens Eurico e Hugo Ragelli podem render bem nesse empréstimo a Ponte Preta, um time de Série A que os permitirá amadurecer e ganhar minutos na elite, o que é essencial para o aproveitamento após o retorno.

Muita gente ainda precisa partir. Mas antes de chegar, vejo como obrigatória uma análise mais efetiva do plantel, dando oportunidade de jogo e sequência para gente que veio como destaque e mal pôde se firmar, como Fabiano, Joel, Gabriel Xavier, Pará, Grolli e Uillian Correia. Não somos um Real Madrid que contrata e se dá ao luxo de liberar o jogador caso não dê certo em uma temporada. O tempo é vital para a afirmação desses nomes e nossos tiros precisam ser certeiros. Sanchez Mino, Pisano e Douglas Coutinho parecem ser, até o momento, os nomes próximos, mas nada que me encha os olhos. Mais do que trazer jogadores, é fortalecer o grupo e ter uma base sólida, para que Deivid e sua comissão justifiquem a audaciosa e econômica aposta realizada pela diretoria.

 Por: Emerson Araujo