Calma para trabalhar, ao menos por enquanto


O Cruzeiro começou 2016 em crise. A saída de Mano Menezes para a China, a efetivação de Deivid, o episódio Benecy, os reforços desconhecidos e gratuitos. O time nem havia estreado e imperava a desconfiança.

A eliminação precoce na Primeira Liga e os tropeços contra URT e América não ajudaram. Pelo contrário. Com menos de dois meses de temporada o pessimismo era reinante.

Diagnósticos definitivos de como será 2016 já eram formulados. E o Cruzeiro brigaria para não cair. Se os rivais também patinavam, não interessa. A má fase dos outros não poderia justificar a do Cruzeiro. Ainda que a má fase refletisse mais as dificuldades de um início de trabalho, partilhada por todos os clubes do país, do que efetiva falta de qualidade ou de trabalho na Toca da Raposa.

Dentro deste quadro, apareceu o clássico contra o Atlético-MG. E, convenhamos, o time nem jogou tão bem assim.

Fábio foi protagonista com excelentes intervenções. Rafael Silva aproveitou a falha de Uilson e fez o gol da vitória. E o time, nervoso em alguns instantes, poderia ter perdido jogadores por expulsão (mas o juiz também aliviou para atletas do outro lado).

No entanto, a vitória veio. E com ela, o Cruzeiro praticamente selou o primeiro lugar na fase classificatória e as vantagens para quem tem a melhor campanha na fase classificatória. E, após dois meses de temporada, enfim diminuiu a pressão que pairava no ar.

Houve coletiva de diretores, houve Deivid se sentindo a vontade para pedir reforços e houve discursos dos atletas revelando uma nova autoestima e mais confiança para a sequência da temporada. E no jogo-treino do sub-20 em Ibirité nesta quarta-feira, nem o mínimo protesto.

Fato é que, com o triunfo do último domingo, a nova comissão técnica e o novo elenco, enfim, terão um pouco de alívio e calma para trabalhar. E com a tabela reservando confrontos contra o lanterna e o 10º colocado para as últimas duas rodadas, o momento é de embalar.

A calmaria, no entanto, não resistirá em caso de tropeço nas próximas semanas. A pressão até diminuiu, mas a corda segue no pescoço. E a maioria da torcida, talvez de forma precipitada e exagerada, segue acompanhando a temporada com alguma desconfiança.