Calma, é hora da China Azul ser inteligente


É oficial, ninguém aguenta mais o Roth. O time não coloca a bola no chão, não há jogadas ensaiadas, não existe um padrão tático e depois de cada derrota o treinador coloca a culpa somente nos jogadores por não conseguirem achar o famoso “equilíbrio” que ele parece pensar que irá surgir como mágica. É visível que há jogadores insatisfeitos com a forma excessivamente defensiva que Celso Roth tem montado o Cruzeiro, e a derrota para o Figueirense parece ter feito evaporar a última gota de paciência que a torcida tinha com o atual treinador celeste.

Contudo, é preciso ter calma, e principalmente inteligência. A campanha desse ano é bem abaixo daquilo que o torcedor celeste está acostumado e espera do Cruzeiro, mas, levando em conta o contexto, a conclusão é de que a troca de treinador pode não ser a melhor opção.

Não, não estou defendendo Roth e minha paciência com ele já se esgotou tanto como a do leitor. Só penso que a China Azul pode estar comprando algumas verdades sem olhar o vendedor.

Há quem diga que Roth está tirando leite de pedra, fazendo o melhor que pode com um elenco limitadíssimo, etc. Discordo desse ponto de vista. Roth tem errado bastante, tanto na formação da equipe como no tratamento com os atletas. Mas, também não é verdade que a troca de treinador fará esse time brigar no alto da tabela.

Alguns insistem em fazer a torcida lembrar o fantasma da campanha do ano passado. Não é para tanto. O Cruzeiro hoje tem 34 pontos. No ano passado, somente chegou nessa pontuação na 31ª rodada. Em 2011, ao final da 24ª rodada o cruzeiro era o 14º colocado e tinha apenas 5 pontos o distanciando da zona de rebaixamento. Hoje é o oitavo e 11 pontos nos separam do Z-4.

Segundo o Site Chance de Gol, se por um lado o Cruzeiro tem apenas 0,8% de chances de conseguir uma vaga na Libertadores, menor ainda é a chance de rebaixamento (0,6%). Ou seja, nem tanto ao mar e nem tanto à terra.

A torcida já deveria estar vacinada contra os plantadores de crise. Não podemos deixar que o desespero se alastre e atrapalhe o planejamento de 2013.

Ao contrário do que parte da imprensa mineira quer fazer parecer, o atual time celeste não é imprestável. Era sim, no início do ano. Agora não é.

Por outro lado, também não temos um time completo e preparado para alçar voos mais altos. Precisamos de um técnico de peso na Toca, mas também precisamos de pelo menos um bom jogador em cada posição e de peças de reposição que garantam a manutenção da qualidade do time.

É verdade que Roth não deu padrão ao Cruzeiro e que temos um time desequilibrado. Mas trocar o treinador por trocar não é a solução. A história mostra que a troca de treinador não resolve os problemas.

De 2003 para cá, das vezes em que o Cruzeiro trocou o comando durante o Brasileirão, apenas em 2010 o resultado foi positivo, isso porque, quando Cuca assumiu o posto de Adilon Batista, o time tinha uma boa base, que jogava junto há certo tempo e ainda recebeu alguns reforços. Praticamente em todas as outras oportunidades, o técnico que assumiu teve aproveitamento pior que seu antecessor.

 

 

Alguns questionam o trabalho do Gilvan, principalmente por ter mantido Mancini em 2012. Contudo, quando o presidente tem nas mãos um clube que fechou o ano anterior no vermelho, manter um técnico que ganhava menos de 100 mil reais e que, querendo ou não, já conhecia o elenco me parece uma decisão sensata.

Ainda levando em conta a situação econômica em que o clube se encontrava, vale destacar que o presidente segurou Montillo, apesar do insistente assédio de clubes endinheirados. Se para alguns esta decisão não foi acertada, fato é que ali Gilvan mandou o recado: “Acabou a farra do boi, o Cruzeiro deixou de ser feira-livre”.

Trabalhando no vermelho e acertando as contas aos poucos, a atual gestão mandou embora o bonde de Dimas, composto por Amaral, Gilson e Cia, e trouxe Alexandre Mattos para assumir a direção de futebol. Em pouco tempo foi possível notar que a filosofia mudou.

Alguns imprevistos como as lesões de Alex Silva e Martinuccio fizeram com que o planejamento de Mattos e Gilvan fosse prejudicado. Mas, nomes com história vitoriosa no futebol chegaram ao Cruzeiro, como Borges, Ceará, Tinga e Sandro Silva. Ainda que nem todos tenham correspondido à altura do que se espera, as contratações foram elogiadas quando anunciadas, e o nível técnico do elenco subiu.

Por óbvio, apesar de todas as mudanças e melhoras, um grande time não é formado da noite para o dia, e o elenco ainda é limitado. Se pensarmos em longo prazo, a saída de Roth, neste momento, pode ser ainda pior para o Cruzeiro.

Com a janela internacional fechada e inexistindo opções de jogadores na “Série A” que não tenham extrapolado o número máximo de jogos para serem transferidos dentro do campeonato, qualquer treinador que viesse, teria que trabalhar exatamente com o mesmo elenco, e ainda por cima pressionado para dar sua cara ao time ao mesmo tempo em que busca os famigerados 45 pontos e aguenta uma torcida cobrando uma vaga no G4.

Sei que não é possível pedir paciência à torcida que vê o time apresentar o futebol sofrível que temos visto. Por isso, peço que tenham inteligência. Não vamos cair.

O Cruzeiro é enorme e está passando por um período difícil. Sem desespero, pode ser formado um grande time para 2013. Depois da tempestade, vem a bonança.

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