Cadê o elenco do Cruzeiro?


No início do ano, o Cruzeiro fez poucas contratações em comparação com os anos anteriores. A intenção, explícita desde o fim de 2016, era apenas reforçar pontualmente o grupo em posições chave, acreditando que o time já tinha um elenco encorpado o suficiente para a disputa da nova temporada. Seis meses se passaram, alguns nomes chegaram, outros deixaram o clube, mas é cada vez mais nítida a impressão de que o nosso plantel, exaltado no passado, não é tão bom assim.

A derrota contra a Ponte Preta, na última semana, deu o tom das desconfianças. E não é pra menos, o Cruzeiro não apenas protagonizou um de seus piores embates na temporada, mas talvez tenha sido o pior jogo do futebol nacional em um bom tempo. Foi, no mínimo, assustador ver tanta gente em campo mostrando incapacidade para envergar a camisa celeste. Entre os atletas utilizados naquela sombria noite de quinta-feira em Campinas, Ábila, Lucas Silva, Hudson, Elber e Rafinha. Jogadores que a torcida já pediu mais oportunidades nessa temporada. O que aconteceu para jogarem tão mal?

Não tem como saber exatamente, mas podemos conjecturar possibilidades. Falta de entrosamento é o brado mais simplório, mas será que explica tudo? Quando um treinador opta por colocar um time alternativo, ele não está aceitando a derrota. Muito pelo contrário, gerir o plantel de forma que evite a lesão dos seus melhores jogadores e mantenha todo o grupo em condição de jogo é uma das obrigações do comandante. E os reservas não são jogadores de outra dimensão, tecnicamente incapazes. Foram contratados para ser titulares. Recebem salários tão altos quanto (e por vezes até maiores) que os titulares.

A relação entre titularidade e suplência depende do rendimento.  O jogador que está no banco deveria agarrar cada oportunidade em campo como se fosse a chance da vida. Exemplo disso é o volante Lucas Romero, que ficou meses escanteado no plantel e quando teve chance conquistou a titularidade. Todos os times poupam jogadores e nem por isso abdicam do resultado. O Palmeiras, nosso adversário pela Copa do Brasil, poupou mais de meio time contra a mesma Ponte Preta e venceu.

Saber direcionar melhor as críticas é uma necessidade. Nem toda vitória é mérito e nem toda derrota é culpa do técnico ou do presidente. Não estou aqui pra “passar pano” pra ninguém, os erros estão explícitos. Ou alguém consegue explicar a contratação do Rafael Marques? Entretanto, as tomadas de decisão dos jogadores em campo são muito mais responsabilidade deles do que de quem escala ou o contratou. Que os atletas comecem a fazer sua parte e justificar os investimentos. Até porquê se o treinador for obrigado a escalar sempre os mesmos 11, é inútil ter 33 elementos treinando diariamente, sendo que 22 vão apenas onerar a folha de pagamento.

Por: Emerson Araujo