Arrascaeta e Gabriel Xavier sempre no banco. Por quê?


Vira e mexe tem um torcedor se perguntando o porquê de o habilidoso uruguaio De Arrascaeta e o jovem Gabriel Xavier não serem titulares do Cruzeiro e/ou o porquê de terem poucas oportunidades durante as partidas. Hoje a minha missão é explicar para os torcedores os motivos técnicos e táticos pelos quais esses atletas não têm tido tanta oportunidade no atual momento do time celeste.

Para começar a explicação, é necessário voltar um pouco no tempo. O Cruzeiro contratou o uruguaio De Arrascaeta por causa de suas grandes exibições na Copa Libertadores em 2014. O atleta chegou a Belo Horizonte em janeiro deste ano e de cara teve muitas oportunidades com o técnico Marcelo Oliveira. Isso porque o clube já tinha perdido dois de seus principais meias: Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart.

Jovem promissor, já era de entendimento de todos que era preciso não haver demasiada pressão em cima do uruguaio, por causa de sua idade e também porque veio de uma agremiação pequena do Uruguai, país onde o nível técnico do futebol não é lá grandes coisas. Dessa forma, era necessário tempo para que Arrascaeta se adaptasse ao futebol brasileiro e evoluísse em termos técnicos.

Logo na sua estreia, na vitória do Cruzeiro contra o Guarani, por 3×1, ainda no Campeonato Mineiro, Arrascaeta impressionou: muita técnica, bons passes e jeito aguerrido de jogar. A partir daí, o Cruzeiro começou a depender demais do menino. Era só o Estadual, e Arrascaeta conseguiu impressionar. Mas o fato é que na Libertadores, no Brasileiro e na Copa do Brasil, o garoto pouco contribuiu. Muitas vezes sumido em campo, facilmente anulado por uma marcação mais apertada – o que pouco acontecia no Mineiro – o jovem uruguaio começou a receber fortes críticas e acabou sendo sacado do time.

Em fevereiro, o Cruzeiro apresentou Gabriel Xavier. Habilidoso e destaque da Portuguesa na série B, Gabriel foi bem recebido pelos torcedores e houve bastante expectativa por sua estreia. Com Marcelo Oliveira, teve poucas oportunidades. Entrava sempre para incendiar o final dos jogos – muitos deles com resultado já definido – e, quando entrou como titular, devido a desfalques, desapareceu completamente e pouco contribuiu. Nos bastidores, fala-se que Marcelo Oliveira só o escalou por pressão interna. O maior destaque de Gabriel foi ter marcado o gol que garantiu a classificação do Cruzeiro na Libertadores, em cima do São Paulo, em cobranças de pênalti.

Quando Luxemburgo assumiu, chegou dizendo que Arrascaeta não é jogador de futebol profissional. Depois, disse que o deixaria de fora até que ganhasse massa muscular para poder competir de igual pra igual dentro de campo. Em relação a Gabriel Xavier, as oportunidades também foram raras.

Agora, com Mano Menezes no comando, a situação não é diferente. Os dois jovens atletas seguem no banco de reservas e continuam tendo poucas oportunidades. O motivo principal, além dos que eu já mencionei no texto (juventude, falta de experiência em grandes clubes e porte físico), é técnico e tático: ambos são jogadores habilidosos, ofensivos e que ainda não têm comprometimento tático.

Sabemos que hoje, no futebol contemporâneo, o comprometimento tático é tudo. É preciso saber atacar, mas também é necessário ajudar na recomposição. Hoje, o futebol tem pouco espaço para o jogador que fica parado no meio-campo esperando a bola chegar no pé para poder dar aquele passe final. Quando ele tem esse espaço, costuma aparecer pouco e comprometer sua equipe em termos defensivos.

É o caso de Arrascaeta e Gabriel Xavier. Além da juventude, da inexperiência e do porte físico, os dois ainda não possuem comprometimento tático. E é por isso, nobre torcedor, que vemos Marquinhos em campo. E é por isso que muitas vezes Luxemburgo optou por Willian, que vivia péssima fase. Ambos ajudam muito na recomposição. Basta um olhar mais atento para perceber que Marquinhos e Willian estão sempre no campo defensivo, no meio-campo e no ataque.

Ademais, o Cruzeiro tem jogado partidas muito complicadas e difíceis no Brasileiro. Não tem nenhum jogo fácil e é preciso atenção do início ao fim. É por isso que, muitas vezes, quando estamos vencendo uma partida o treinador não costuma apostar em atletas que não ajudam na recomposição. Quando Mano fez isso, na partida contra o Vasco, colocando Arrascaeta em campo, o time acabou cedendo o empate.

Agora está mais que explicado. Aí estão os reais motivos pelos quais Arrascaeta e Gabriel Xavier não têm tido muitas oportunidades. Mas fiquem tranquilos, isso não quer dizer que eles não servem. Vai depender do momento do time, do momento do jogo e deles mesmos, isto é, se quiserem a titularidade, vão ter que dançar conforme a música. É preciso comprometimento tático. O jogador precisa ir além, aprimorar-se.

Pr: Pedro Henrique Campos