Aos Cuidados de Dr. Gilvan de Pinho Tavares


Caríssimo, Dr. Gilvan,

O Senhor não me conhece, e nem sei se esse texto chegará a você. Não sei também por onde o Senhor anda. Desde 2015 eu quase não ouço falar de você quando o assunto é resolver os problemas do Cruzeiro. Não me entenda mal caso eu não me expresse de forma educada, mas, este, é um desabafo de um cruzeirense como qualquer outro, que anseia por mudanças, e, acima de tudo, deseja ver novamente o Cruzeiro sendo respeitado por onde passa.

No início, Presidente, confesso! Me animei com a sua chegada. Após 17 anos vendo a família Perrella alternando excelentes e terríveis momentos no comando do Cruzeiro, precisávamos mudar. Quando o Senhor assumiu, vínhamos de um ano terrível, afinal, escapamos do rebaixamento no apagar das luzes, no histórico 6×1. Sua missão desde o início foi difícil e ainda em 2012, no seu primeiro ano de mandato, o Senhor não conseguiu fazer o que a torcida esperava.

Ainda com Dimas Fonseca na direção de futebol, um espécime semelhante ou pior que Isaías Tinoco, e com péssima situação financeira herdada de seu antecessor, quase fomos ao fundo do poço. Você contratou muito e mal. Talvez daquele ano, se salvem apenas Tinga, Borges e Ceará, contratados após a chegada de Alexandre Mattos. É um ano para se esquecer. Ficamos de fora das finais do Campeonato Mineiro, fomos eliminados da Copa do Brasil e tivemos a “honra” de ter como treinador no Brasileirão… Celso Roth. Um ano sofrível!

Bom, Gilvan, agora é preciso te elogiar. Você também acertou. Trazer Alexandre Mattos e Marcelo Oliveira, foi um acerto. Juntos, e não sozinho como você pensa, vocês três foram capazes de nos levar a duas temporadas excepcionais. Eu jamais vou me esquecer da magia do time de 2013 e 2014. Nos tornamos bicampeões Brasileiros e, sem dúvida alguma, o melhor time do Brasil e, quem sabe, da América do Sul.  Mas aí, Presidente, o Senhor errou novamente. Com uma atitude covarde, você foi incapaz de reconhecer a importância de Alexandre Mattos e Marcelo Oliveira nas temporadas de 2013 e 2014. Querer assumir sozinho a responsabilidade das vitórias não foi a melhor atitude que você poderia tomar, aliás, foi a pior.

Não satisfeito, você errou mais e mais em 2015. Entregou a direção de futebol para Valdir Barbosa e Benecy Queiroz, após a saída de Alexandre Mattos. O time bicampeão estava desfeito e, como em 2012, você contratou quantidade e pouca qualidade. Apesar da arrecadação com as vendas e das carências do elenco, você deu as costas para os pedidos de Marcelo Oliveira. Ah, o Marcelo! Quanta injustiça você cometeu com ele, Presidente. Menosprezou, ignorou e o demitiu como se ele nada tivesse feito pelo Cruzeiro. Neste dia, Gilvan, eu senti vergonha. Vergonha da sua atitude e da sua arrogância. A vergonha só não foi maior, do que no anuncio do retorno de Vanderlei Luxemburgo.

Eu, assim como toda a torcida, sofri em com este cidadão e seu comparsa, Isaías Tinoco no comando do Cruzeiro, Presidente. E o Senhor parecia não se importar com o torcedor, queria apenas a mensalidade do sócio do futebol em dia. Foi preciso que tirássemos o seu sossego na Sede Administrativa, na confraria e nos camarotes do Mineirão, para você perceber que o Cruzeiro clamava por mudanças. Enfim, elas vieram. Mano Menezes, Bruno Vicintin e Thiago Scuro chegaram e começaram a colocar a casa em ordem. Apesar de nenhum título e de eliminações no Campeonato Mineiro, Libertadores e Copa do Brasil, terminamos o ano razoavelmente bem e com boas perspectivas para 2016.

Porém, Gilvan, não contávamos com a saída de Mano para a China após 3 meses de trabalho. Acontece, o futebol nos sujeita a viver estas situações.  E, novamente, você errou! Porque efetivar o Deivid se não confiava no trabalho dele? Porque justificar a efetivação apenas como continuidade do trabalho de Mano e não pelos méritos do ex-atacante? E se não confiava, porque não ousar e entregar o projeto à um treinador experiente? Ah, Gilvan, faltou dar à Deivid, o que faltou dar ao Marcelo em 2015. Jogadores, confiança e autonomia. Autonomia que também têm faltado para Bruno Viicintin e Thiago Scuro, que precisam dançar de acordo com o seu ritmo. Ora, Presidente, permita-se ser ajudado! Você já está com a idade avançada e precisa dar passagem e ouvido aos mais motivados.

Hoje, Gilvan, outra vez, estamos com a temporada em risco por seus erros, por sua teimosia, por sua arrogância, por seu individualismo, por sua visão centralizadora, por suas atitudes ditatoriais.

O Cruzeiro não precisa de você assim, Gilvan. De gestões que depreciem o Clube, estamos cansados. O Senhor ainda tem um ano e meio de mandato, ainda há tempo de terminar e sair pela porta da frente e não continuar caminhando como um rato para a porta dos fundos. Olhe para trás, veja o que errou, veja o que acertou. Se preciso, repita os acertos, mas, por favor, aprenda com os erros! Eu, e toda a torcida, somos gratos por sua dedicação ao Cruzeiro por mais de 40 anos, mas, da maneira que está, não aguentamos mais!

Por: Simon Henrique