Abre o olho, Marcelo Oliveira


Mais do que a falha grotesca de Paulão, o Cruzeiro sofreu porque o técnico insiste em uma formação que não está funcionando.

Amigos leitores, uma coisa é a nossa torcida ainda estar com bastante paciência em relação ao desempenho do Cruzeiro em campo, porque é um time em formação, depois de duas temporadas de resultados abaixo da crítica. Além disto, tem a empolgação pelo retorno ao Mineirão.

Outra coisa bastante diferente é tentar “tampar o sol com a peneira”, como esconder os erros que estão aí, na cara, para todo mundo ver.

Ontem sofremos mais um gol em mais uma falha de zagueiro, desta vez de Paulão, que foi para o lance se achando um craque da defesa, como o alemão Beckenbauer e os italianos Maldini, Costacurta e Baresi, só pra citar alguns zagueiros incontestáveis do futebol.

Entretanto, o pênalti cometido foi apenas a ponta do iceberg. Durante todo o primeiro tempo e boa parte da segunda etapa, o Cruzeiro jogou naquela formação que não rende o ideal – Éverton e Ceará limitados nas laterais e no apoio, o canhoto Éverton Ribeiro desperdiçado na ponta direita, Diego Souza não fazia jogadas pelo meio, Dagoberto sem um companheiro para continuar as jogadas e Vinícius Araújo com a bola queimando seus pés.

Só depois das alterações o time voltou a ter jogadas pelos dois lados do campo e fez os gols da vitória. No pênalti sofrido por Dagoberto, foram dois lances de uma vez – na entrada da área ele sofreu o contato e não caiu, mas logo em seguida o zagueiro adversário deu um carrinho sem mirar a bola, para impedir a passagem do atacante.

Talvez o pênalti tenha sido forçado, mas pelo menos compensou as muitas falhas da arbitragem, que deixou os jogadores da Caldense livres para bater à vontade.

No final, um lance que tinha tudo para ser errado acaba resultando em gol. Ceará e Élber se confundem no contra-ataque pela direita, mas o garoto inventa um cruzamento na medida para Ricardo Goulart finalizar de cabeça, no canto do goleiro.

As impressões que tenho deste elenco são as seguintes – se Marcelo Oliveira realmente quer montar o time no esquema 4-2-3-1, ou seja, com três meias e um atacante, os jogadores devem estar muito adaptados para jogar nestas posições.

Por exemplo, ao escalar os jogadores de velocidade para atuar nas pontas, não adianta simplesmente colocar os jogadores “com o pé trocado”, ou seja, o destro Dagoberto na aberto esquerda e o canhoto Éverton Ribeiro aberto na direita, se estes jogadores não rendem seu melhor futebol nestas posições.

Podem reparar, em todas as vezes que o Cruzeiro mostrou bom futebol, Éverton Ribeiro foi para seu verdadeiro setor, entre a esquerda e o meio de campo, sempre com a entrada de Élber pelo lado direito.

Além disto, o centroavante do time deve ter o mínimo de controle de bola, para dar sequência aos lances, finalizando ou passando a bola para o companheiro. Borges faz bem esta função, mas está se lesionando muito. Anselmo Ramon vinha sendo o titular, sem a mesma qualidade, mas também se machucou. Vinícius Araújo é esforçado, mas ainda não está rendendo o ideal nesta função.

Ainda estamos na liderança do Campeonato Mineiro, mas tem muito chão pela frente para o Cruzeiro disputar a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro com chances reais de título.

E para isto acontecer, Marcelo Oliveira precisa, urgentemente, enxergar a melhor escalação do time. O titular na esquerda é Éverton Ribeiro e seu reserva direto é Alisson, que teve boas atuações pelo setor, mesmo sendo destro, como no clássico de reabertura do Mineirão.

Do lado direito, ainda considero Dagoberto titular, mas Élber sempre entra “voando” quando vem do banco de reservas. Diego Souza continua alternando bons e maus momentos, se ele continuar assim, Ricardo Goulart briga por esta vaga e, quem sabe, pode jogar até no comando do ataque.

As opções estão aí. Basta o nosso técnico enxergar.

Abraços a todos.

Nota final: Hoje é segunda-feira e, em Minas Gerais, todo mundo sabe, quando se fala em “segunda”, se lembra do timinho do 6a1o, o maior clube de Segunda Divisão do nosso Estado. Por incrível coincidência, hoje é 25 de março, data em que este “timinho de segunda” completa “105 anos 100 títulos” – “100” Libertadores, “100” Copas do Brasil, um clube “100” importância no futebol.

Portanto, hoje a segunda-feira é cor de rosa. As minorias têm total direito de fazer festa, mesmo que seja por pouca coisa, afinal este timinho consegue ser menor e ter menos títulos que Coritiba, Atlético-PR e Sport Recife.

Foto: VipComm