30 de novembro: A data que o Mineirão imortalizou grandes guerreiros


Quem nunca ouviu alguém comentar sobre ou até mesmo crê em horóscopo, mapa astral ou outras crenças que partem do calendário como sustentação? Confesso que não sou do grupo dos que acreditam, mas se estiver equivocado, certamente o dia 30 de novembro contém uma espécie de áurea sagrada para o Cruzeiro Esporte Clube, afinal foi nesta data que o clube obteve duas das suas mais importantes vitórias em sua história.

No dia 30 de novembro de 1966, a Raposa abalou não só o Brasil, mas sim o mundo do futebol. Como podia uma equipe se impôr sobre o Santos de Pelé com tanta autoridade e vencer um dos melhores esquadrões do século XX por 6 gols?

Os 6X2 sobre os paulistas no Mineirão abriram caminho para a conquista da Taça Brasil, o primeiro Campeonato Brasileiro conquistado pelo Cruzeiro e que seria confirmado no Pacaembu com uma nova vitória, desta vez por 3X2, mas, convenhamos, os méritos da conquista da máquina celeste naquela temporada só causaram espanto em quem desconhecia o talento que aquela equipe já demonstrava nos gramados de Minas Gerais.

Em 1966, a equipe de Raul, Dirceu Lopes, Evaldo, Tostão, Piazza e companhia conquistaria ainda o bicampeonato estadual em sequência que só seria interrompida em 1970, após o pentacampeonato cruzeirense. Jogos entre equipes de São Paulo e Minas Gerais ainda eram muito raros e esta foi uma das poucas chances que a Raposa teve de desafiar o multicampeão da década, naquele momento pentacampeão nacional em sequência. Com talento, determinação e força, o Cruzeiro não se importou com o currículo adversário e, após a vitória no Mineirão, manteve o foco e se sagrou campeão nacional com todos os méritos.

37 anos se passaram e Cruzeiro e Santos voltaram a decidir um Campeonato Brasileiro. Disputa acirrada, mas que foi ficando nas mãos do Cruzeiro a partir das vitórias nos confrontos diretos contra os paulistas, mas, por ironia do destino (ou estava já no mapa astral), foi no dia 30 de novembro que o Mineirão mais uma vez se encheu para ver o único campeão brasileiro do estado a levantar a taça no estádio.

O adversário não era dos mais complicados. O Paysandu fazia campanha fraca e poucos esperavam que fosse um grande desafio, pensando apenas que o time paraense havia sido contemplado com a honra de cair para o Cruzeiro, o maior campeão da história dos pontos corridos, no jogo que valia a taça.

O gol de Zinho no início da partida passou a impressão de que seria um passeio, mas não foi bem assim. Mota, já no segundo tempo, fez o gol da tranquilidade, apesar do Papão ainda descontar nos minutos finais. Nada que atrapalhasse a festa da China Azul já comemorando com Alex fazendo a volta olímpica, que, após exatos 37 anos, voltava a fazer o Mineirão tremer diante de guerreiros que imortalizavam seu nome na história do clube, desta vez conquistando o Campeonato Brasileiro em uma temporada que a Copa do Brasil e o Campeonato Mineiro também vieram para a Toca da Raposa II.

O tempo é de lembrança, afinal não fomos campeões este ano. Também, o dia 30 de novembro caiu na sexta e o Mineirão está fechado!

Falei que não acredito em horóscopo nem mapa astral, mas, por via das dúvidas, já estou escrevendo uma carta para pedir à CBF que no dia 30 de novembro de 2013, um sábado, o Cruzeiro entre em campo no Mineirão. De preferência, contra o Santos. Afinal, se nossos guerreiros derrubaram Pelé e Robinho, quem sabe não vai ser a hora de parar Neymar e mostrar ao mundo, mais uma vez, como conquistar a glória em cima de mais um menino da vila?